A linha de produção da vacina de febre amarela da Fiocruz será aprimorada
(Foto:Peter Illicciev/Fiocruz)

Vacinas de melhor qualidade
15 de outubro de 2004

Unidade da Fiocruz em Pernambuco recebe US$ 7,5 milhões do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos para ampliar a qualidade das vacinas de febre amarela, raiva e hepatite A

Vacinas de melhor qualidade

Unidade da Fiocruz em Pernambuco recebe US$ 7,5 milhões do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos para ampliar a qualidade das vacinas de febre amarela, raiva e hepatite A

15 de outubro de 2004

A linha de produção da vacina de febre amarela da Fiocruz será aprimorada
(Foto:Peter Illicciev/Fiocruz)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Pernambuco, estará recebendo US$ 7,5 milhões do Instituto Nacional de Saúde (NIH), dos Estados Unidos, para desenvolver um projeto científico que poderá ampliar a qualidade de vacinas oferecidas pelo sistema público de saúde brasileiro.

Os recursos, que serão repassados ao longo de cinco anos em parcelas trimestrais de US$ 150 mil, deverão garantir a infra-estrutura voltada à realização das atividades de pesquisa, incluindo a compra de aparelhos sofisticados para execução automatizada de métodos de diagnóstico.

O trabalho será realizado no Laboratório de Virologia e Terapia Experimental (Lavite) do CpqAM, em parceria com a Universidade de Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, e o Instituto de Informação e Pesquisa de Cingapura.

O convênio foi o segundo firmado junto ao NIH com duração de cinco anos. O primeiro ocorreu em outubro do ano passado, com recursos de US$ 7 milhões para o desenvolvimento da vacina de DNA para o vírus do dengue.

O desenvolvimento de vacinas contra a febre amarela é considerado fundamental pela Fiocruz, uma vez que esse tipo de medicamento para imunização não é melhorado, em sua essência, desde a época da Revolta da Vacina, que está completando 100 anos. O episódio entrou para a história nacional quando a população do Rio de Janeiro, na época capital do país, rebelou-se contra uma campanha obrigatória de vacinação proposta por Oswaldo Cruz.

Um dos problemas da vacina contra a febre amarela são os efeitos colaterais que ela costuma provocar nas pessoas imunizadas. É comum o surgimento de febre, dor de cabeça e fraqueza alguns dias após a inoculação. A idéia dos técnicos da Fiocruz, com os recursos provenientes dos Estados Unidos, é utilizar técnicas avançadas de bioinformática, imunologia e biologia molecular para armazenar apenas as porções de defesa do vírus, em vez de pegar toda a sua composição.

O trabalho consiste em identificar os epítopos que estão relacionados à proteção contra as doenças. O epítopo é uma estrutura molecular presente na superfície do antígeno – substância estimuladora da produção de anticorpo no organismo – que se liga ao anticorpo, formando um complexo antígeno-anticorpo para proteger o indivíduo. Os epítopos identificados serão de domínio público, divulgados num banco de dados para toda a comunidade científica.

"Os recursos serão utilizados, de forma prioritária, para o mapeamento dos epítopos, na medida em que viabilizarmos a coleta de amostras dos voluntários vacinados", disse o coordenador da pesquisa, Ernesto Marques Júnior, à Agência FAPESP.

As pesquisas também buscarão o desenvolvimento de vacinas contra a hantavirose, doença que pode causar insuficiência respiratória aguda grave e choque circulatório, e a arenavirose, que provoca febre hemorrágica. Tratam-se de dois vírus emergentes de alta periculosidade, transmitidos por roedores, cuja existência ainda não foi comprovada em Pernambuco apesar de já afetarem outros estados brasileiros.

Na medida em que os pesquisadores conseguirem obter o aprimoramento das vacinas, as novas fórmulas patenteadas poderão ser produzidas em larga escala pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), unidade da Fiocruz no Rio de Janeiro. "Caso sejamos bem sucedidos, é muito provável que, no futuro, o Bio-Manguinhos seja a produtora desses biológicos", revela Marques Júnior.


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