Idealizada como uma alternativa às vacinas atualmente disponíveis, de aplicação intramuscular, a formulação induz imunidade pela mucosa do corpo (imagem: divulgação)

COVID-19
Vacina intranasal apresenta 100% de eficácia contra a COVID-19 em testes com animais
24 de janeiro de 2024

Formulação desenvolvida no Brasil pode ser aplicada pelo nariz ou pela boca na forma de spray. Trabalho apoiado pela FAPESP envolve pesquisadores da USP, UFRJ e Fiocruz

COVID-19
Vacina intranasal apresenta 100% de eficácia contra a COVID-19 em testes com animais

Formulação desenvolvida no Brasil pode ser aplicada pelo nariz ou pela boca na forma de spray. Trabalho apoiado pela FAPESP envolve pesquisadores da USP, UFRJ e Fiocruz

24 de janeiro de 2024

Idealizada como uma alternativa às vacinas atualmente disponíveis, de aplicação intramuscular, a formulação induz imunidade pela mucosa do corpo (imagem: divulgação)

 

Agência FAPESP – Uma vacina intranasal contra a COVID-19 desenvolvida no Brasil apresentou 100% de eficácia nos testes em camundongos, aponta artigo publicado na revista científica Vaccines.

A pesquisa teve apoio da FAPESP e foi desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), em um convênio com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Também colaboraram pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF-USP), do Instituto de Medicina Tropical (IMT-USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Idealizada como uma alternativa às vacinas atualmente disponíveis, de aplicação intramuscular, a formulação induz imunidade pela mucosa do corpo, podendo ser aplicada pelo nariz ou pela boca na forma de spray. O imunizante é um dos primeiros do formato a ser testado no mundo.

“Como o SARS-CoV-2 é um vírus respiratório, foi natural propor uma vacina que pudesse neutralizá-lo já na área mais propensa às suas tentativas de entrada no corpo humano, ou seja, nas vias aéreas superiores”, conta à Assessoria de Imprensa do ICB-USP Momtchilo Russo, professor do Departamento de Imunologia e um dos coordenadores do estudo. Nas mucosas, há uma grande produção de anticorpos, incluindo a imunoglobulina A (IgA), proteína fundamental para a imunidade.

Para despertar a imunidade, a formulação utiliza como antígeno a proteína Spike (S) de maneira similar a outras vacinas já em uso. Quando o indivíduo é infectado, o sistema imune detecta essa proteína S, presente no SARS-CoV-2, e induz a produção de anticorpos IgA, iniciando a ação contra o vírus no local.

A vacina também contém um adjuvante já aprovado para uso humano, o CpG. Composto por oligonucleotídeos contendo citosina e guanina, o CpG potencializa a eficácia da vacina. Para compor o produto final, o CpG e a proteína S são inseridos em uma partícula de lipídio, o lipossoma.

“Trata-se de uma técnica fácil de realizar se comparada, por exemplo, com as vacinas que usam os RNAs mensageiros ou adenovírus, que são mais complicadas de se produzir e armazenar”, acrescenta Russo. Outra vantagem da vacina intranasal em relação às intramusculares diz respeito à sua eficácia no pulmão: ao circular pela mucosa, o imunizante atinge mais rapidamente o órgão.

Teste em camundongos

No estudo, foram usados camundongos transgênicos que expressam o receptor do vírus SARS-CoV-2 nas células epiteliais do trato respiratório. Quando infectados, os animais desenvolvem pneumonia viral bilateral, perdem peso e a maioria sucumbe à infecção em sete dias.

Nos testes, 100% dos animais vacinados foram protegidos contra a infecção considerando a mortalidade ou perda de peso. A vacina intranasal mostrou-se mais eficiente na eliminação do vírus do pulmão e ao induzir a produção de anticorpos IgA, quando comparada com a aplicação subcutânea do mesmo imunizante. O fato de diminuir a carga viral no pulmão sugere que a transmissão do vírus pode ser menor com a vacina intranasal. Foi constatada a mesma proteção contra diversas variantes de preocupação do SARS-CoV-2, incluindo a gama, delta e ômicron.

“Nossa vacina também pode funcionar muito bem como reforço heterólogo, combinando-a com outros tipos de vacinas já aplicadas anteriormente, como a da AstraZeneca ou a CoronaVac”, sugere o pesquisador.

Russo ainda destaca o esforço para que o imunizante fosse 100% nacional: “Uma das ideias básicas para a implementação desse imunizante é que todos os insumos, instalações e expertise fossem disponíveis no nosso país, por isso o grande esforço de colaboração”. O imunizante agora deverá avançar para outras etapas de teste.

O artigo Intranasal Liposomal Formulation of Spike Protein Adjuvanted with CpG Protects and Boosts Heterologous Immunity of hACE2 Transgenic Mice to SARS-CoV-2 Infection pode ser lido em: www.mdpi.com/2076-393X/11/11/1732.
 

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