Nova vacina anti-rábica se mostrou mais segura que as aplicadas em campanhas do governo (foto: divulgação)

Vacina inovadora
04 de março de 2004

Uma nova vacina anti-rábica, desenvolvida pelo Instituto Butantan, não provoca efeitos colaterais e se mostra mais segura para os animais do que as aplicadas nas campanhas governamentais

Vacina inovadora

Uma nova vacina anti-rábica, desenvolvida pelo Instituto Butantan, não provoca efeitos colaterais e se mostra mais segura para os animais do que as aplicadas nas campanhas governamentais

04 de março de 2004

Nova vacina anti-rábica se mostrou mais segura que as aplicadas em campanhas do governo (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Uma vacina anti-rábica desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, tem se mostrado uma alternativa eficaz à tradicional vacina contra raiva, elaborada em tecido nervoso do cérebro de camundongos e aplicada nas campanhas governamentais.

O novo produto está sendo testado por pesquisadores do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araçatuba, e na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente.

A principal diferença da nova vacina é o método de produção por cultivo celular, o que, de acordo com os cientistas, além de evitar sacrifício de animais, permite a obtenção de um produto mais puro e capaz de induzir maior produção de anticorpos.

As células são cultivadas em meio rico em nutrientes, próprio para o crescimento. Ao contrário de outros microrganismos, os vírus precisam de uma célula para se desenvolver.

"Desse modo, quando as células estão se multiplicando, é colocado o vírus rábico para que ele também se multiplique. No cultivo celular são utilizadas células provenientes de animais ou vegetais e, na nova vacina, usamos as BHK21 (células renais de hamster)", explicou Neuza Frazatti Gallina, chefe da Seção de Raiva do Instituto Butantan, em entrevista à Agência FAPESP.

"A nova vacina, produzida em cultura de celulas BHK21, é purificada e liofilizada e contém albumina eqüina, que dá maior estabilidade ao produto e auxilia na produção de anticorpos pelo sistema imunológico, além de diminuir os efeitos colaterais", disse Neuza.

A albumina eqüina empregada é proveniente das sobras dos plasmas hiperimunes de cavalo, utilizados na produção de soros no Instituto Butantan. "Por conta disso, trata-se de uma vacina mais barata, que poderá ser comprada e aplicada pelo governo em campanhas contra a raiva", afirmou a pesquisadora.

Na produção da vacina contra raiva aplicada atualmente, o vírus rábico é injetado no cérebro de camundongos lactentes para que ele se multiplique. Posteriormente, o cérebro desses animais é colhido com essa massa contendo tecido cerebral e vírus rábico para que a vacina seja preparada. "Esse tipo de vacina é impura pois apresenta restos de tecido cerebral. Trata-se de um produto ultrapassado, devido à possibilidade de apresentar efeitos colaterais, como problemas neurológicos, além de induzir uma menor produção de anticorpos ", disse a chefe da Seção de Raiva do Instituto Butantan.

Além de não precisar sacrificar um número elevado de camundongos, a nova vacina anti-rábica é um produto mais purificado, sendo mais seguro para os animais por não provocar efeitos colaterais. Além disso, por ser produzida em células, contém uma quantidade maior de vírus, induzindo uma resposta mais elevada e duradoura. A nova fórmula poderá ser aplicada em animais como cães, gatos e bovinos.

De acordo com Neuza, ainda não há previsão de quando a vacina será comercializada. "O que está se cogitando é a hipótese de o Instituto Butantan vender a tecnologia, para que algum laboratório possa produzir a nova vacina", disse.


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