Vinícola na região de Bordeaux, na França (foto: Jorge Tonietto/Embrapa)

Uvas mais quentes
06 de novembro de 2003

Estudo desenvolvido nos Estados Unidos analisa como o aumento das temperaturas do globo influenciará a vinicultura nos próximos 50 anos. O impacto, em algumas áreas, poderá provocar mudanças no tipo de uva cultivada e na qualidade do vinho

Uvas mais quentes

Estudo desenvolvido nos Estados Unidos analisa como o aumento das temperaturas do globo influenciará a vinicultura nos próximos 50 anos. O impacto, em algumas áreas, poderá provocar mudanças no tipo de uva cultivada e na qualidade do vinho

06 de novembro de 2003

Vinícola na região de Bordeaux, na França (foto: Jorge Tonietto/Embrapa)

 

Agência FAPESP - Nos próximos 50 anos, as 27 principais regiões vinícolas do mundo sofrerão com um aumento médio de temperatura da ordem de 2 graus Celsius. O que para algumas plantações de uva pode ser até bom, para outras o impacto negativo do aquecimento poderá prejudicar a qualidade do vinho. A conclusão é que novas estratégias terão que ser traçadas pelos produtores.

"Uvas são bons indicadores ambientais" disse à Agência FAPESP Gregory Jones, professor associado da Southern University Oregon e autor de um estudo apresentado esta semana em Washington, na reunião anual da Sociedade de Geologia dos Estados Unidos.

Segundo o cientista, como os melhores vinhos são produzidos em locais onde predominam o chamado clima mediterrâneo, qualquer alteração de temperatura será rapidamente transferida para a bebida. "Como os principais produtores são sempre obsessivos pela qualidade de seus produtos, será fácil detectar as mudanças", disse Jones.

Em seu estudo, o pesquisador utilizou um modelo que considera a circulação global tanto dos oceanos como da atmosfera. Das 27 regiões investigadas, a maioria está no Hemisfério Norte. O trabalho também traçou previsões para um vinhedo chileno, um sul-africano e três australianos.

"No Chile, investigamos a principal área produtora, que fica nos arredores de Santiago e próximo à Cordilheira dos Andes. Até 2050, deverá haver um aumento de temperatura nessa região de 1,84 graus Celsius, o que dá 0,38 graus por década", disse.

Segundo Jones, as alterações poderão beneficiar alguns produtores, mas prejudicar os vinhos que precisam de uvas cultivadas em temperaturas mais baixas. "Não é que irá ocorrer um impacto negativo. Em alguns lugares, haverá a necessidade dos produtores estarem sempre atentos. Eles terão que investir em tecnologia ou, então, alterar o tipo de uva plantado."

O cientista citou também o exemplo da região de Chianti, na Itália, onde as temperaturas durante o verão já são consideradas quentes. Com temperaturas ainda maiores, os vinicultores poderão ter mais problemas com pragas. Na Alemanha, a situação no Vale do Reno será totalmente inversa. Alguns graus a mais será benéfico para as uvas, que sofrem com o inverno rigoroso.


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