Sistemática colheita de uvas pinot noir desde 1370 na região de Burgundy, na França, possibilita a um grupo de cientistas franceses reconstituir uma inédita série histórica de temperaturas para a região
Sistemática colheita de uvas pinot noir desde 1370 na região de Burgundy, na França, possibilita a um grupo de cientistas franceses reconstituir uma inédita série histórica de temperaturas para a região
Por causa dos registros rigorosos de temperatura feitos pelos produtores de vinho desde 1370, um grupo de cientistas de várias instituições de pesquisa da França acaba de fazer uma inédita reconstituição histórica das temperaturas máximas e mínimas registradas na área durante a primavera e o verão.
O inclemente verão de 2003, por esse indicador, mostrou-se um dos mais severos desde o século 14. Os dados obtidos pelos cientistas, publicados na edição de 18 de novembro da revista Nature, estão significativamente correlacionados com temperaturas da primavera e do verão registradas por outros estudos feitos na França central, na Inglaterra e nos Alpes. Nesses casos, foram analisados os anéis de crescimento das árvores.
Apesar de outras séries de temperaturas elevadas terem sido registradas nas décadas de 1520, 1630 e 1680, a série do verão do ano passado – as altas temperaturas causaram diversas mortes em cidades francesas – pode ser considerada bastante anormal, afirmam os cientistas. A diferença de 5,86 ºC positivos em relação à média só pode ser comparada, segundo o artigo, com o ano de 1523. Naquele ano, o desvio registrado foi de mais 4,10 ºC.
Segundo os cientistas, os dados referentes às uvas oferecem um grande potencial para que se possa estudar com precisão variações climáticas regionais na Europa. Esses modelos fenológicos – a fenologia estuda a relação entre os ciclos biológicos e o clima – são essenciais, dizem os pesquisadores, para se reconstituir a temperatura em uma certa área por longos períodos.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.