Antoine Petit, diretor executivo do CNRS, e Carlos Gilberto Carlotti Júnior, reitor da USP, assinaram ontem o protocolo de intenções para a criação de um centro de pesquisa conjunto (foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP)

USP e CNRS pretendem criar centro conjunto de pesquisa com sede em São Paulo
07 de março de 2023
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Maior órgão público de pesquisa científica da França já mantém parcerias do tipo nos Estados Unidos, Inglaterra e Japão; presidente da FAPESP manifestou interesse em apoiar projetos desenvolvidos no centro CNRS-USP, com destaque para áreas como ciência dos oceanos, biodiversidade e sustentabilidade

USP e CNRS pretendem criar centro conjunto de pesquisa com sede em São Paulo

Maior órgão público de pesquisa científica da França já mantém parcerias do tipo nos Estados Unidos, Inglaterra e Japão; presidente da FAPESP manifestou interesse em apoiar projetos desenvolvidos no centro CNRS-USP, com destaque para áreas como ciência dos oceanos, biodiversidade e sustentabilidade

07 de março de 2023
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Antoine Petit, diretor executivo do CNRS, e Carlos Gilberto Carlotti Júnior, reitor da USP, assinaram ontem o protocolo de intenções para a criação de um centro de pesquisa conjunto (foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP)

 

Karina Toledo| Agência FAPESP – A Universidade de São Paulo (USP) e o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), da França, pretendem lançar conjuntamente no início de 2024 um Centro Internacional de Pesquisas (IRC, na sigla em inglês). Esta será a quinta unidade do tipo criada pelo CNRS, que já constituiu parcerias semelhantes com as universidades do Arizona e de Chicago (ambas nos Estados Unidos), com o Imperial College London (Reino Unido) e com a Universidade de Tóquio (Japão).

“A ideia é desenvolver a cooperação científica entre os países, seja levando estudantes e pesquisadores brasileiros para a França, seja enviando ao Brasil estudantes e pesquisadores franceses. Não há uma área específica de interesse. O centro deverá atuar como um ‘guarda-chuva’, sob o qual desenvolveremos atividades diversas que vão evoluir ao longo dos anos. Então, é possível que em cinco anos tenhamos, por exemplo, colaboração em computação quântica que não daremos início em um primeiro momento. Ou talvez em matemática ou [ciência dos] oceanos. Porque, afinal, podemos assinar quantos acordos quisermos, mas o que necessitamos de fato é que pesquisadores do Brasil e da França tenham interesse em cooperar uns com os outros”, disse à Agência FAPESP Antoine Petit, diretor-executivo do CNRS.

O protocolo de intenções para a criação do centro foi assinado ontem (06/03) por Petit e pelo reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior. A cerimônia foi realizada na Sala do Conselho Universitário, em São Paulo, e contou com a presença do cônsul-geral da França no Brasil, Yves Teyssier d'Orfeuil; do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, Vahan Agopyan; do presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago; do diretor administrativo da Fundação, Fernando Menezes; e da vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda, entre outras autoridades.

“Já temos uma parceria bem estabelecida com o CNRS nas humanidades e também pesquisas em áreas como energia e ambiente. Vamos nos basear nas iniciativas já existentes e também buscar novas parcerias para que possamos ter um centro interdisciplinar e multidisciplinar, fazendo essa ponte do Brasil com a França”, afirmou Carlotti Júnior.

Segundo o reitor da USP, o plano é realizar, ao longo de 2023, uma série de workshops no Brasil e na França para promover a interação entre pesquisadores de ambos os países e identificar temas de interesse mútuo. “A expectativa é que em janeiro de 2024 nós possamos assinar a criação do centro e criar um laboratório.”

Fomento

Antes da cerimônia na USP, a delegação do CNRS reuniu-se com a diretoria da FAPESP – instituição com a qual mantém acordo de cooperação há quase 20 anos. Na ocasião, Zago destacou a intenção da Fundação em apoiar pesquisas desenvolvidas no âmbito do novo centro CNRS-USP e apontou a ciência dos oceanos como uma das áreas de especial interesse.

“Temos conversado sobre a possibilidade de estabelecer um acordo envolvendo o Estado de São Paulo, a França – por meio do CNRS – e a Argentina. A parceria com a Argentina é muito importante para nós porque nos daria a possibilidade de conduzir pesquisas de maior escala no Ártico e no sul do Atlântico”, comentou o presidente da FAPESP. 

O diretor científico da Fundação, Luiz Eugênio Mello, ressaltou as inúmeras possibilidades de estudos relacionados ao uso de tório – um metal abundante no Brasil – para a geração de energia nuclear. Também destacou a possibilidade de parcerias envolvendo empresas, nos moldes dos Centros de Pesquisa em Engenharia (CPEs) apoiados pela FAPESP. Outros temas de interesse mencionados na reunião foram biodiversidade e sustentabilidade.

Entre os integrantes do CNRS que participaram do encontro na FAPESP estavam Alain Schuhl, diretor-geral adjunto para a Ciência do CNRS; Christelle Roy, diretora de Pesquisa Europa e Cooperação Internacional; Jean Thèves, diretor adjunto de Relações Internacionais; Sylvie Rousset, diretora de Dados Abertos; e Samane Mussachio, diretor de Comunicações Internacionais.

O CNRS é o maior órgão público de pesquisa científica da França e um dos mais importantes do mundo, com orçamento de € 4 bilhões ao ano. Suas atividades cobrem praticamente todas as áreas do conhecimento, em mais de mil unidades de pesquisa e serviços certificados, sendo a maior parte produzida com instituições parceiras.

A estratégia de criar Centros Internacionais de Pesquisas com universidades de outros países começou há cerca de dois anos, de acordo com o diretor-executivo do CNRS. “A ideia é haver um número limitado de centros pelo mundo. Dentro de cinco ou dez anos poderão ser dez ou 15 centros – não mais que isso. E ao menos um será com a USP, com a qual mantemos uma importante parceria.”

Petit disse que a visita tem o objetivo de aprofundar a cooperação científica com instituições brasileiras. “E entre nossos principais parceiros está a FAPESP. Nosso primeiro acordo foi há cerca de 20 anos e gostaríamos de avançar ainda mais essa colaboração.”

Desde 2004, FAPESP e CNRS já lançaram 18 chamadas de propostas conjuntas, que resultaram no fomento a 106 projetos colaborativos.
 

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