Concepção artística da sonda Galileu (Nasa)
Depois de percorrer 4,6 bilhões de quilômetros coletando dados sobre Júpiter, a sonda Galileu, cujo sistema propulsor está à beira da exaustão, será arremessada no domingo (21/9) contra a atmosfera do planeta gigante
Depois de percorrer 4,6 bilhões de quilômetros coletando dados sobre Júpiter, a sonda Galileu, cujo sistema propulsor está à beira da exaustão, será arremessada no domingo (21/9) contra a atmosfera do planeta gigante
Concepção artística da sonda Galileu (Nasa)
A nave foi intencionalmente colocada na rota de colisão com Júpiter para eliminar qualquer chance de impacto com Europa, uma das luas do planeta. Exaustivamente planejado, o impacto é necessário porque o sistema propulsor da Galileu está à beira da exaustão. Sem propulsão não seria possível controlar a sonda, porque ela perderia a capacidade de direcionar sua antena para a Terra ou ajustar sua trajetória.
"Foi uma fantástica missão para a ciência planetária e está sendo difícil pensar que está chegando ao final", disse Claudia Alexander, diretora do projeto da Galileu no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa. "Depois de percorrer 4,6 bilhões de quilômetros e servir como nossos olhos e ouvidos em órbita de Júpiter, estamos cruzando os dedos para que, mesmo nos momentos finais, a Galileu continue nos enviando novas informações sobre o ambiente do planeta."
Apesar da esperança de obter novos dados para análise, a chance de captá-los é desconhecida. A sonda agüentou cerca de quatro vezes mais radiação nociva de Júpiter do que foi projetado pelos cientistas. Assim que se aproximar do planeta, a nave novamente entrará em uma região de alta radiação.
Iniciada em 1989, a missão produziu uma série de descobertas enquanto a nave completou 34 voltas em torno do maior planeta do sistema solar. Galileu foi a primeira missão a acompanhar o sistema planetário de Júpiter diretamente de sua órbita.
Observando os dados, os cientistas encontraram evidências da existência de um gigantesco oceano de água salgada subterrâneo em Europa e em menores quantidades em Ganimedes e Calisto, além de examinar atividades vulcânicas na quarta lua, Io. Galileu foi a primeira sonda a voar para um asteróide e a descobrir a lua desse tipo de corpo celeste.
Por três vezes a Nasa estendeu os trabalhos da sonda, aproveitando a capacidade de enviar dados significativos para a ciência. A missão foi possível graças a dois geradores termoelétricos de isótopos radioativos fornecidos pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos.
O ponto de entrada da sonda em Júpiter fica abaixo da linha equatorial do planeta gigante. Se existissem observadores no topo das nuvens do planeta, eles perceberiam a entrada da Galileu cerca de 22 graus acima do horizonte local. Para os observadores, o objeto teria a velocidade relativa de 48,2 quilômetros por segundo, o equivalente a viajar de Los Angeles a Nova York em apenas 82 segundos. A sonda foi projetada para diminuir a velocidade quando entrar no planeta, penetrando a atmosfera de Júpiter a 47,6 quilômetros por segundo.
"Esse é um momento de excitação, a equipe participou de uma missão histórica e percebe a importância das descobertas científicas. A Galileu nos ensinou demais sobre Júpiter mas ainda há muito a aprender, por isso olhamos com esperança para missões futuras", disse Charles Elachi, diretor do JPL
O histórico da sonda e suas descobertas podem ser consultadas no site http://galileo.jpl.nasa.gov
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