Turismo da biodiversidade
27 de março de 2006

Estudo apresentado na COP 8 mostra que o turismo de observação da vida natural, quando feito de forma sustentável, pode gerar importantes benefícios econômicos e ambientais

Turismo da biodiversidade

Estudo apresentado na COP 8 mostra que o turismo de observação da vida natural, quando feito de forma sustentável, pode gerar importantes benefícios econômicos e ambientais

27 de março de 2006

 

Por Eduardo Geraque, de Curitiba

Agência FAPESP - Nas Ilhas Seychelles, no Oceano Índico, todos os anos, entre julho e novembro, cerca de 200 tubarões-baleia chegam próximo à costa para se alimentar. É o momento para mergulhadores terem encontros inesquecíveis com esses enormes e quase sempre inofensivos animais.

Em 2005, 496 turistas participaram das experiências – o número é controlado para que os tubarões não deixem de aparecer nos anos seguintes. Público que deixou um total de US$ 1,75 milhão na região, segundo estudo divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), na Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8), em Curitiba. A média de US$ 3,5 mil por pessoa mostra que preservar é muito mais lucrativo do que matar um exemplar para vender a carne, por exemplo.

"A biodiversidade é um grande negócio. Sei que o turismo é muitas vezes malvisto, mas ele é importante para ajudar a preservar a biodiversidade do planeta. Todos, inclusive o Brasil, precisam dar mais oportunidade ao setor", afirmou Wolf Iwand, diretor executivo da alemã TUI, uma das cinco maiores empresas do setor no mundo, que financiou o estudo apresentado pelo Pnuma.

O Brasil também entrou nos exemplos internacionais de turismo para observação da vida natural. O projeto Tamar foi um dos exemplos destacados pelos ambientalistas das Nações Unidas. Segundo o estudo, a Praia do Forte, uma das 22 estações de observação do projeto, recebe cerca de 500 mil visitantes ao ano. Em 2003, as vendas de produtos e de ingressos renderam US$ 490 mil, 17% do orçamento anual do Tamar.

Outra região de potencial é o Pantanal. "As áreas das fazendas voltadas para o turismo me pareceram bastante boas em termos de preservação do meio ambiente. As lagunas, canais e áreas protegidas estão bem conservadas", disse Richard Tapper, um dos autores do estudo, à Agência FAPESP.

Mas a principal questão, em todos os casos, conforme foi discutido na COP 8, é saber se a preservação faz parte de um projeto maior e mais amplo ou se é apenas uma ação pontual de interesse turístico, e que não se sustentará por muito tempo.

Mais informações sobre a COP 8: www.biodiv.org e www.cdb.gov.br


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