Mariangela Prado apresentou pesquisa da Unifesp sobre diferenciação geográfica do câncer de cólo de útero em São Paulo (foto: E.Geraque)

Tumores periféricos
23 de junho de 2004

O risco de morrer por câncer de cólo de útero é 2,5 vezes maior na periferia de São Paulo do que nos bairros mais ricos. Para Mariangela Prado, da Unifesp, a constação será útil para que novas campanhas de alerta sejam pensadas

Tumores periféricos

O risco de morrer por câncer de cólo de útero é 2,5 vezes maior na periferia de São Paulo do que nos bairros mais ricos. Para Mariangela Prado, da Unifesp, a constação será útil para que novas campanhas de alerta sejam pensadas

23 de junho de 2004

Mariangela Prado apresentou pesquisa da Unifesp sobre diferenciação geográfica do câncer de cólo de útero em São Paulo (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Olinda

Agência FAPESP - Uma análise matemática rigorosa, baseada em dados sobre tumores de cólo de útero registrados entre 1985 e 1999, mostra que a explosão da doença, no município de São Paulo, ocorreu muito mais nos bairros periféricos do que nos mais ricos. A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe de epidemiologistas do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

"Existe um risco de morte 2,5 vezes maior na periferia", disse a epidemiologista Mariangela Prado, que apresentou os resultados do estudo no 6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que termina nesta quarta-feira (23/6), em Olinda (PE). Apesar de a incidência de tumores malignos na população das duas regiões ter caído ao longo dos 15 anos analisados, a diferença entre os dois valores obtidos permanece alta.

"Se projetarmos os dados para as próximas décadas, fica claro que as campanhas para incentivar as mulheres a fazer o exame papanicolau está deixando de lado uma parcela importante da população", disse.

Para a cientista da Unifesp, não são apenas as mulheres mais jovens ou de meia idade que precisam se preocupar com eventuais tumores em seus aparelhos reprodutores. "As mulheres de 70 ou 80 anos, por exemplo, precisam também ser alvo dessas campanhas. São elas que estão morrendo de câncer de cólo hoje", disse.

O trabalho do grupo paulistano analisou ainda dados relacionadas à incidência de câncer de mama. Nos dois casos, um dos diferenciais do estudo foi olhar sobre São Paulo de forma separada, ou seja, por regiões geográficas agrupadas com bases em características socioeconômicas.

No caso dos tumores de mama, explicou Mariangela, foi possível perceber, com base em testes estatísticos, que no grupo chamado de elite, formado por pessoas que moram em regiões como Campo Belo, Ibirapuera e Jardins, o número de casos, de uma forma geral, está alto, mas estabilizado. "Enquanto isso, na periferia, as taxas de exames positivos aumentaram 60% nos 15 anos estudados."

Um das informações positivas para a saúde das mulheres revelada pelo estudo diz respeito à queda no número de casos de câncer de cólo de útero entre as faixas mais jovens da elite paulistana. "Apesar de os números de casos ainda estar elevado, essa queda pode ser comparada a números observados em países do primeiro mundo", disse a epidemiologista.


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