O maior destruidor dos recifes de coral do planeta não são fenômenos como o grande maremoto na Ásia em 2004, mas o homem, por meio de atividades como turismo e pesca predatória (foto: Noaa)

Tsunami humano
23 de março de 2006

O maior destruidor dos recifes de coral do planeta não são fenômenos como o grande maremoto na Ásia em 2004, mas o homem, por meio de atividades como turismo e pesca predatória

Tsunami humano

O maior destruidor dos recifes de coral do planeta não são fenômenos como o grande maremoto na Ásia em 2004, mas o homem, por meio de atividades como turismo e pesca predatória

23 de março de 2006

O maior destruidor dos recifes de coral do planeta não são fenômenos como o grande maremoto na Ásia em 2004, mas o homem, por meio de atividades como turismo e pesca predatória (foto: Noaa)

 

Por Eduardo Geraque, de Curitiba

Agência FAPESP - No dia 26 de dezembro de 2004, o terremoto ocorrido no fundo do mar, no sudeste asiático, liberou uma energia 1,5 mil vezes maior do que a mais potente bomba atômica já detonada pelo homem. Mas nem mesmo essa gigantesca força natural conseguiu destruir uma área tão grande dos recifes de coral como o homem tem feito nas últimas décadas.

Dados apresentados na quarta-feira (22/3), na Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8), em Curitiba, mostram que a região afetada pela onda gigante estará recuperada em cerca de dez anos. Entretanto, o mesmo não pode ser dito sobre as áreas alteradas pelos humanos.

Na gênese desse processo destrutivo (27% de todos os corais do mundo já foram perdidos) estão as atividades turísticas e a pesca predatória, além de problemas indiretos como o desmatamento e o aumento na emissão dos gases que contribuem para o efeito estufa.

O turismo é a maior indústria do planeta, que movimenta algo ao redor dos US$ 3,5 trilhões e emprega 199 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados de um estudo do World Wildlife Fund e do International Coral Reef Action Network, apresentado em Curitiba.

Se o turismo serve para educar no próprio local, uma vez que mergulhar próximo a um coral é uma experiência única, ele também tem sido um dos maiores vilões para esse ambiente aquático. Um ciclo vicioso que está sendo cada vez mais alimentado.

No Caribe, por exemplo, que recebe 57% do 10 milhões de mergulhadores ativos em todo o mundo por ano, 32% do corais estão seriamente ameaçados. Ao lado da poluição costeira, muitos resorts também lançam esgoto não tratado ao mar.

"No nosso litoral, pelo menos nas áreas protegidas, a situação pode ser considerada sob controle", explica Beatrice Ferreira, da Universidade Federal de Pernambuco, uma das responsáveis por projetos de monitoramento do estado de conservação dos corais nacionais.

"A grande questão na região de Tamandaré [o Brasil tem uma área de proteção ambiental para os recifes costeiros no litoral de Pernambuco e Alagoas] é continuar com a proibição da pesca, inclusive a artesanal", diz a pesquisadora, que lança um livro sobre o tema nesta quinta-feira em Curitiba.

Diferente do Caribe, no Brasil o turismo, felizmente, ainda não pode ser considerado um grande problema. Mas, segundo Beatrice, ao lado do trabalho científico, medidas voltadas para a educação ambiental da população em geral são essenciais no processo de preservação dos corais.

Além de Tamandaré, o Brasil tem importantes parques marinhos em Abrolhos (BA) e em Fernando de Noronha (PE). Os corais desses lugares apenas começaram a ser monitorados com mais freqüência, em termos de impacto antrópico, nos últimos cinco anos. Apesar da situação ainda ser considerada razoável, todo cuidado é pouco, afirmam os pesquisadores.

O aquecimento global, segundo mostrou Mark Eakin, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa), dos Estados Unidos, está diretamente ligado ao "embranquecimento dos corais", principalmente no Caribe.

"Nosso monitoramento mostrou que o estresse térmico ocorrido em 2005 [que foi considerado o ano mais quente na região nos últimos 100 anos] causou um grande impacto sobre os corais", disse. Para Eakin, além de medidas cada vez mais eficientes de acompanhamento dos danos feitos aos corais, é preciso desenvolver formas de manejo adequadas para reduzir o estresse solar, causado pelo aumento médio da temperatura em todo o planeta, nem que seja a construção de barreiras que impeçam que o coral tome sol.

Mais informações sobre a COP 8: www.biodiv.org e www.cdb.gov.br


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