Fungo Aspergillus fumigatus, importante patógeno humano, acaba de ter seu genoma revelado
(foto: NIH)

Trinca de fungos é seqüenciada
22 de dezembro de 2005

Espécies do gênero Aspergillus acabam de ter seus genomas revelados. Os estudos estão na Nature de quinta-feira (22/12), dois deles com a participação de Gustavo Goldman, da USP

Trinca de fungos é seqüenciada

Espécies do gênero Aspergillus acabam de ter seus genomas revelados. Os estudos estão na Nature de quinta-feira (22/12), dois deles com a participação de Gustavo Goldman, da USP

22 de dezembro de 2005

Fungo Aspergillus fumigatus, importante patógeno humano, acaba de ter seu genoma revelado
(foto: NIH)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Um deles é fundamental para a produção da bebida japonesa saquê e para o shoyu (molho de soja). Outro tem importância por ser um patógeno humano. O terceiro é considerado um completo modelo genético. A revista Nature desta quinta-feira (22/12) publica os genomas dos fungos A. oryzae, A. fumigatus e A. nidulans, todos do gênero Aspergillus.

Cada um dos genomas foi coberto, em média, em 95%. Os trabalhos foram realizados por equipes de dezenas de instituições dos Estados Unidos, Europa e Japão. A coordenação ficou sob responsabilidade da Universidade de Manchester, na Grã-Bretanha. As análises das seqüencias genômicas do A. fumigatus e do A. nidulans contaram com a participação de Gustavo Henrique Goldman, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP).

"A diferença entre as espécies, apesar de serem do mesmo gênero, é gritante. Apenas 68% das proteínas agora encontradas são semelhantes. Isso permite dizer que elas são tão diferentes quanto as proteínas do homem e as do peixe", disse Goldman à Agência FAPESP. Segundo o pesquisador brasileiro agora será possível, por exemplo, tentar entender o que faz a espécie fumigatus ser realmente um patógeno.

Conforme o comentário de André Goffeau, da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, na mesma edição da revista, na soma das três espécies foram identificados 95 milhões de pares bases de DNA. Em cada um dos oito cromossomos de cada fungo foram seqüenciados 33,5 mil genes codificadores de proteínas.

Um dos pontos que mais chamaram a atenção do pesquisador foi a evolução dos genes ligados à reprodução. No início, deveria haver um ancestral comum com os dois grupos responsáveis pelo comportamento reprodutivo reunidos em uma mesmo gene. Ou seja, ele era bissexual. Em uma segunda etapa, essas características genéticas começaram a mudar.

O ancestral do A. nidulans continua tendo os dois grupos de genes. Mas o mesmo não ocorreu na outra parte da divisão. Tanto o A. fumigatus como o A. oryzae tiveram um ancestral heterossexual. Até hoje, os cientistas não sabiam que essas duas espécies tinham sexo, o que dificultava o estudo da genética desses microrganismos.

Entender como o gênero se comporta do ponto de vista sexual é fundamental para que tanto a indústria como os cientistas possam continuar suas pesquisas, da fabricação do saquê ao desenvolvimento de drogas para combater o patógeno.

"O fato de principalmente a espécie fumigatus ter uma importância muito grande em termos de saúde pública – ela causa asmas, sinusites e alergias em geral – é suficiente para mostrar a importância desses genomas", explica Goldman.

Os artigos Sequencing of Aspergillus nidulans and comparative analysis with A.fumigatus and A. oryzae, Genomic sequence of the pathogenic and allergenic filamentous fungus Aspergillus fumigatus e Genome sequencing and analysis of Aspergillus oryzae podem ser lidos no site da Nature, por assinantes, em: www.nature.com


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