Circuito impresso criado na Unesp de Ilha Solteira opera bem à uma temperatura de 80 k (foto: divulgação)

Trilha supercondutora
07 de dezembro de 2005

Grupo da Unesp fabrica circuito impresso com material supercondutor no local do cobre. O sistema funcionou bem à temperatura de 80 K, mais alta do que a usual para tais materiais

Trilha supercondutora

Grupo da Unesp fabrica circuito impresso com material supercondutor no local do cobre. O sistema funcionou bem à temperatura de 80 K, mais alta do que a usual para tais materiais

07 de dezembro de 2005

Circuito impresso criado na Unesp de Ilha Solteira opera bem à uma temperatura de 80 k (foto: divulgação)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Já faz algum tempo que eles deixaram a futurologia. Hoje, os materiais supercondutores são usados em fios para transportar energia, na obtenção de imagens com boa resolução na área médica ou na detecção de campos magnéticos fracos, entre muitas aplicações. Mesmo assim ainda se busca, em diversos laboratórios do mundo, uma temperatura mais quente para que esses sistemas funcionem de forma eficaz.

"Deve ocorrer em breve uma mudança na temperatura de trabalho. Em vez de os supercondutores operarem ao redor dos 10 K ou 20 K (de -263ºC a -253ºC), vamos passar para a casa dos 135 K (-138ºC)", explica Claudio Luiz Carvalho, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), à Agência FAPESP.

Dentro das novas trilhas supercondutoras, o grupo de Vidros e Cerâmicas do Departamento de Física e Química de Ilha Solteira conseguiu dar recentemente um passo bastante importante. "Fabricamos um circuito impresso [utilizado em equipamentos eletrônicos] usando, no lugar do cobre, um material supercondutor do sistema Bi:Sr:Ca:Cu:O", conta Carvalho.

Segundo o pesquisador, que trabalha com essa linha de pesquisa desde 1999, o sistema, montado por ele em conjunto com o aluno de mestrado Raphael Peruzzi, se comportou bem a uma temperatura de 80 K (-193ºC). "Esses novos materiais se diferenciam bastante dos primeiros supercondutores. Aqueles eram metais ou ligas que apresentavam o fenômeno da supercondutividade a temperaturas muito baixas, da ordem de poucas dezenas de graus Kelvin", diz Carvalho.

As novas propriedades que estão sendo descobertas abrem enormes avenidas científicas, aponta o pesquisador. "Com essas temperaturas torna-se possível, por exemplo, conduzir energia elétrica por longas distâncias com perdas praticamente desprezíveis ou contruir trens que possam desenvolver velocidades altíssimas levitando sobre trilhos."

Em termos competitivos, o Brasil não dispõe dos mesmos valores que são investidos nas pesquisas com supercondutores por Estados Unidos e Japão, por exemplo. Mas isso, para Carvalho, não impede que o país possa almejar uma posição atuante no cenário internacional. "Não temos condições de gastar muito, mas podemos mostrar que existem técnicas mais baratas capazes de chegar a resultados competitivos", afirma.


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