Mapa registra locais em que tremores de terra foram identificados (UnB)

Tremores brasileiros
30 de dezembro de 2004

Brasil teve mais de cinco mil abalos na última década, 400 deles com perto de 3,0 graus na escala Richter, segundo o Observatório Sismológico da UnB. O tremor mais forte foi em janeiro de 1955, com 6,6 graus

Tremores brasileiros

Brasil teve mais de cinco mil abalos na última década, 400 deles com perto de 3,0 graus na escala Richter, segundo o Observatório Sismológico da UnB. O tremor mais forte foi em janeiro de 1955, com 6,6 graus

30 de dezembro de 2004

Mapa registra locais em que tremores de terra foram identificados (UnB)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - A privilegiada situação geológica do Brasil dificulta a ocorrência de abalos sísmicos violentos, como o que atingiu o Sudeste Asiático no dia 26. Apesar disso, um olhar mais aprofundado para a crosta terrestre brasileira revela que os terremotos não estão tão ausentes assim da realidade nacional, apesar de serem na maioria localizados e de pequenas proporções.

De acordo com medições feitas no Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), foram registrados nos últimos dez anos mais de cinco mil abalos no país, sendo que 400 com magnitude igual ou superior a 3,0 graus na escala Richter.

"Apesar de o Brasil estar localizado no interior de uma placa tectônica, conhecida como ‘sul-americana’, os tremores estão presentes no país", disse Cristiano Chimpliganond, geólogo do Observatório Sismológico da UnB, à Agência FAPESP.

O pesquisador explica que a possibilidade de ocorrerem tremores em regiões que se localizam no interior das placas tectônicas, como é o caso brasileiro, é bem menor do que em países que estão nas bordas dessas placas, como o Chile e a Colômbia. Além disso, os terremotos nas bordas têm magnitude muito maior. A Terra é formada por 12 placas tectônicas, que medem de 60 a 200 quilômetros de espessura.

Chimpliganond ressalta que, mesmo com um valor considerado de baixa magnitude, a energia liberada por terremotos menores pode causar desconforto à população. "Dependendo das características geológicas da região e, principalmente, da profundidade do tremor, um sismo de 3,0 pontos pode gerar efeitos nítidos na superfície como, por exemplo, um barulho característico parecido com um trovão, além de poder causar vibrações nas portas e janelas das casas", afirma Chimpliganond.

Os dados obtidos no observatório da UnB indicam também que a terra tremeu com maior freqüência nos últimos anos nas cidades de João Câmara (RN), Cascavel e Pacajus (CE), Porto dos Gaúchos (MT), Caruaru (PE) e Pedro Leopoldo, Betim e Igaratinga (MG).

Chimpliganond cita os principais fatores que podem contribuir para a ocorrência dos tremores. "Em geral, um abalo sísmico ocorre pelo atrito intenso entre as forças tectônicas", explica. Desabamento de cavernas gerando um tremor de colapso, abalos ocasionados pela erupção da atividade vulcânica e o impacto de corpos celestes com a Terra, como cometas, asteróides, meteoros e meteoritos, também podem ocasionar eventos sísmicos.

"A probabilidade de ocorrer um tremor com escala superior a 7,0 no Brasil é muito reduzida, mas não é nula. Há uma possibilidade que não deve ser descartada, pois a tensão tectônica também pode se acumular no interior da placa ao longo dos anos e, se por algum motivo a energia for liberada, ela pode vir com grande intensidade de uma única vez", ressalta.

O pesquisador exemplifica com o tremor de maior magnitude de que se tem notícia no Brasil, que ocorreu em janeiro de 1955, em Serra do Tombador (MT), alcançando 6,6 graus na escala Richter.


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