O portorriquenho Luis Salicrup, do NIH, dos EUA, falou sobre as possibilidades que o Brasil tem de receber tecnologias oriundas dos laboratórios da instituição norte-americana (foto: M. Honório)

Transferência tecnológica atrasada
30 de abril de 2004

O portorriquenho Luis Salicrup, consultor do Instituto de Saúde dos EUA, falou, em palestra em São Paulo, sobre as possibilidades que o Brasil tem de receber – e desenvolver – tecnologias oriundas dos laboratórios da instituição norte-americana. China e Índia estão bem mais avançadas nesse processo

Transferência tecnológica atrasada

O portorriquenho Luis Salicrup, consultor do Instituto de Saúde dos EUA, falou, em palestra em São Paulo, sobre as possibilidades que o Brasil tem de receber – e desenvolver – tecnologias oriundas dos laboratórios da instituição norte-americana. China e Índia estão bem mais avançadas nesse processo

30 de abril de 2004

O portorriquenho Luis Salicrup, do NIH, dos EUA, falou sobre as possibilidades que o Brasil tem de receber tecnologias oriundas dos laboratórios da instituição norte-americana (foto: M. Honório)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Em se tratando de pesquisas sobre doenças infecciosas e parasitárias, as empresas, fundações e instituições públicas de pesquisa de países como China e Índia estão muito mais próximas de tecnologias de ponta desenvolvidas nos Estados Unidos do que as suas correspondentes na América Latina.

Em visita ao Brasil, o portorriquenho Luis Salicrup, cientista e consultor internacional do Instituto de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) traçou alguns caminhos no campo da cooperação científica, que podem ser seguidos pelos países já bastante atrasados em relação à transferência tecnológica internacional.

A comparação imediata entre o cenário norte-americano e o brasileiro, em termos de transferência tecnológica, revela a existência de uma grande lacuna no processo de retirar o conhecimento dos laboratórios científicos e colocar os produtos no mercado.

"Para preencher essa deficiência, é necessário que se treinem pessoas para que elas realmente entendam todas as etapas do processo", disse Salicrup à Agência FAPESP. No NIH, além dos cientistas que trabalham no laboratório da própria instituição, existe um time grande de profissionais de direito e de marketing, além de especialistas em licenciamento.

Conforme mostrou o consultor, em palestra realizada na sede da FAPESP nesta quinta-feira (29/4), as transferências de tecnologia entre o NIH e as instituições internacionais podem ocorrer de diversas formas. "Temos modalidades que vão da cooperação simples, sem envolvimento de dinheiro, à venda da tecnologia propriamente dita", explicou. Do orçamento de US$ 29 bilhões que a gigantesca instituição pública norte-americana tem para 2004, 10% são derivados da comercialização de tecnologia.

"Para se candidatar a uma parceira com o NIH, a instituição precisa preencher dois critérios de elegibilidade", disse Salicrup. Além de o projeto precisar ter uma finalidade clara de melhoria da saúde pública mundial, a instituição deve demonstrar capacidade para seguir com o projeto até o fim.

"Na América Latina, temos acordos de transferência tecnológica apenas com o México", disse Salicrup. O consultor, que está no Brasil para conversar com grupos de pesquisa de universidades locais, contou que o Brasil deve ser o primeiro país da América do Sul a acertar parcerias com o NIH. "Estamos também em contatos com o Instituto Butantan e com a Fundação Oswaldo Cruz, para desenvolver projetos de pesquisa em conjunto", revelou.

Entre as tecnologias desenvolvidas no NIH e transferidas para várias partes do mundo estão testes para Aids e vacinas contra a hepatite A. "Acabamos de fechar também um acordo de transferência com a Índia para o desenvolvimento de uma vacina contra o rotavírus", contou Salicrup.

O consultor lembrou também que os processos tecnológicos são invariavelmente lentos. "E nem sempre a patente pode ser o melhor caminho para o desenvolvimento científico de alguma descoberta."


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