Julia Goss, aluna do MIT, testa a qualidade da água do Nordeste do Brasil.
Foto:Unisol

Transferência solidária
20 de janeiro de 2004

Estudantes de universidades brasileiras e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, dos EUA, trabalham em conjunto para transmitir conhecimento e tecnologia aos habitantes de Belém de São Francisco (PE) e de Poço Redondo (SE)

Transferência solidária

Estudantes de universidades brasileiras e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, dos EUA, trabalham em conjunto para transmitir conhecimento e tecnologia aos habitantes de Belém de São Francisco (PE) e de Poço Redondo (SE)

20 de janeiro de 2004

Julia Goss, aluna do MIT, testa a qualidade da água do Nordeste do Brasil.
Foto:Unisol

 

Agência FAPESP - No Nordeste, a paisagem geográfica formada principalmente pelo rio São Francisco não costuma respeitar as fronteiras impostas pela divisão política. Com uma população de aproximadamente 600 mil pessoas, a região conhecida com o nome de Xingó, por exemplo, abrange trechos dos Estados de Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Bahia.

O desenvolvimento levado para o Xingó em meados do século passado, motivado pelas construções das barragens do São Francisco, não criou raízes muito fortes. O ciclo de 50 anos criado pelas obras terminou na década de 90 e hoje os municípios da região sofrem com a queda nos níveis de emprego, além de problemas crônicos de anafalbetismo, falta de saneamento básico e na área de saúde.

Para tentar alterar o quadro com a transferência de conhecimento para as populações locais, várias universidades nordestinas passaram a agir na região desde 1996, quando foi criado o Instituto Xingó. O esforço, que aumentou consideravelmente desde então, conta agora com a presença de uma equipe internacional, composta por alunos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, dos Estados Unidos.

A Organização Não-Governamental Universidade Solidária (Unisol), em conjunto com o instituto norte-americano, é que colocou em ação o Projeto Unisol-Xingó/MIT. Do lado brasileiro, na missão que fica no Xingó até sexta-feira (23/1), participam alunos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG) e da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

As duas equipes, formadas por 30 alunos no total – 10 do MIT e 10 de cada uma das duas universidades brasileiras –, estão em ação desde o último dia 8 em dois municípios do Xingó: Belém de São Francisco (PE) e Poço Redondo (SE).

A Unisol foi convidada pelo MIT para fazer uma ação em conjunto no Brasil. Os dois lados concordaram que o melhor seria começar pelo interior do Nordeste. Segundo a ONG brasileira, antes da chegada da equipe norte-americana, estiveram em ação na região 710 estudantes de 26 instituições de ensino superior do Brasil.

Gustavo Santos, há cinco anos e meio nos Estados Unidos, é o coordenador do time do MIT em Sergipe. Nascido em Belém do Pará, ele trabalha com bioinformática e está no projeto para repassar conhecimentos em tecnologia à comunidade local.

Logo no primeiro dia de trabalho, Santos e colegas perceberam que o único computador no posto de saúde de Poço Redondo, que também tem apenas um único médico, era subutilizado. Rapidamente, verificaram que a máquina poderia ser utilizada também na montagem de um banco de dados dos pacientes. Foi o que fizeram.

Como no grupo estão também alunos de biologia, odontologia, direito e turismo, entre outras disciplinas, o grande objetivo do programa, que funciona desde 2000, é encontrar soluções práticas que possam melhorar a vida das duas comunidades. Depois, as ações devem ser replicadas para todo o Xingó.

Outra atividade fundamental para a saúde da população é o manuseio da água. Testes feitos em Poço Redondo identificaram como boa a qualidade da água do local, apesar de a diarréia ser recorrente entre a população. A explicação é que a contaminação pode ocorrer em qualquer ponto entre o rio e a casa dos moradores.


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