Número de trabalhadores em regime de escravidão no país não tem caído, destaca Ronaldo Marcos de Lima Araújo, coordenador da Pós-Graduação do Centro de Educação da UFPA (foto: T.Romero)

Trabalho escravo não diminui
16 de julho de 2007

Número de trabalhadores em regime de escravidão no país não tem caído. Ronaldo Marcos de Lima Araújo, coordenador da Pós-Graduação do Centro de Educação da UFPA, destaca que mais da metade está no Pará

Trabalho escravo não diminui

Número de trabalhadores em regime de escravidão no país não tem caído. Ronaldo Marcos de Lima Araújo, coordenador da Pós-Graduação do Centro de Educação da UFPA, destaca que mais da metade está no Pará

16 de julho de 2007

Número de trabalhadores em regime de escravidão no país não tem caído, destaca Ronaldo Marcos de Lima Araújo, coordenador da Pós-Graduação do Centro de Educação da UFPA (foto: T.Romero)

 

Por Thiago Romero, de Belém

Agência FAPESP - Em 2000, estimativas apontavam a existência de entre 20 mil e 30 mil trabalhadores escravos no Brasil. Desde então até o mês passado, mais de 24 mil foram resgatados. Mas as contas não são simples, pois há indicações de que o país ainda tem pelo menos 25 mil, dos quais 12 mil estariam no Pará, o campeão nacional em número de trabalhadores em regime de escravidão.

"Essa é uma matemática cruel que revela a insuficiência das ações contra a escravidão por parte do Estado brasileiro. Não estamos conseguindo diminuir esses índices, quanto mais erradicar esse crime contra a humanidade que fere a todos", disse Ronaldo Marcos de Lima Araújo, coordenador da Pós-Graduação do Centro de Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA).

"O Pará é o estado que mais recebe denúncias", afirmou em conferência na 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na semana passada, em Belém. Os dados são da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O trabalho escravo é considerado crime pelo artigo 149 do Código Penal Brasileiro.

Segundo Araújo, o Pará responde por 60% dos resgates realizados no país. Em 2003, houve 4.556 denúncias de trabalho escravo no estado e 1.774 trabalhadores foram resgatados, sendo que 43% deles estavam na pecuária, 28% em atividades de desmatamento e 24% na agricultura.

"Em média, são investigadas 37% das denúncias, sendo que quase a totalidade resulta em ações que libertam o trabalhador dessa situação e, evidentemente, quanto mais a sociedade se mobiliza, mais efetiva é a ação do Estado em resgatar trabalhadores", disse.

Segundo Araújo, 2003 foi o ano com maior registro de operações de resgate por parte do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e de pagamento de indenização para os resgatados. "Os números de 2003 são explicados pelo lançamento da Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, o que comprova o efeito positivo da mobilização da sociedade organizada. Desde então, houve uma estabilização no número de denúncias, operações e trabalhadores resgatados."

O caso mais recente no Pará ocorreu em uma fazenda no município de Ulianópolis, a 400 quilômetros de Belém, em que 1.108 trabalhadores que faziam a colheita e plantio da cana-de-açúcar foram resgatados pelo grupo móvel de fiscalização do MTE e pela Polícia Federal.

No Brasil, o número de trabalhadores libertados passou de 84 indivíduos em 1995 para 1.174 em 2001, 2.306 em 2002 e 4.932 em 2003. De 1995 a 2003, enquanto foram libertados 24 escravos em Minas Gerais, o estado que menos registrou ocorrências, o Pará libertou 4.571, seguido por Mato Grosso (1.923), Bahia (1.089), Maranhão (624) e Tocantins (438).


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