Voltar ao alicerce do conhecimento biológico, para que ele possa ser melhor construído, é um dos desafios da zoologia e da ecologia no Brasil, disse Luiz Henrique Branco, da Unesp, na reunião da SBPC

Tijolos da conservação
22 de julho de 2004

Voltar ao alicerce do conhecimento biológico, para que ele possa ser melhor construído, é um dos desafios da zoologia e da ecologia no Brasil, disse Luiz Henrique Branco, da Unesp, na 56ª Reunião Anual da SBPC, em Cuiabá

Tijolos da conservação

Voltar ao alicerce do conhecimento biológico, para que ele possa ser melhor construído, é um dos desafios da zoologia e da ecologia no Brasil, disse Luiz Henrique Branco, da Unesp, na 56ª Reunião Anual da SBPC, em Cuiabá

22 de julho de 2004

Voltar ao alicerce do conhecimento biológico, para que ele possa ser melhor construído, é um dos desafios da zoologia e da ecologia no Brasil, disse Luiz Henrique Branco, da Unesp, na reunião da SBPC

 

Por Eduardo Geraque, de Cuiabá

Agência FAPESP - O discurso da preservação da biodiversidade não pára de se expandir em todo o mundo. Se a importância da conservação das espécies, tanto da flora como da fauna, é uma realidade, também é um fato concreto que nem sempre se sabe com exatidão o que deve ser preservado e ainda mais em qual região do planeta. O problema está ainda mais presente dentro das fronteiras brasileiras.

"Existem autores que defendem a tese de que o conhecimento da biodiversidade no Brasil é dez vezes menor do que o tamanho real dessa mesma diversidade", disse à Agência FAPESP Luiz Henrique Branco, do Departamento de Zoologia e Botânica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de São José do Rio Preto. O pesquisador proferiu uma conferência nesta quarta-feira (21/7), em Cuiabá, durante a 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

"O conhecimento biólogico é o alicerce básico para todo projeto de conservação. Para qualquer construção é preciso que se tenha primeiro os tijolos", disse o pesquisador.

Segundo Branco, apesar de a própria busca por novas espécies e das relações dessas comunidades com fatores ambientais (abióticos) e também biológicos (bióticos) serem atividades sem glamour – ao contrário da badalada genômica – elas são fundamentais. "Grupos como os ácaros, nematóides, fungos, bactérias, algas, briófitas, pteridófitas e invertebrados aquáticos, no geral, em todo o Brasil, são pouquíssimos conhecidos", explicou.

Além disso, na visão do pesquisador, que tem desenvolvido estudos com macroalgas que vivem em ambientes lóticos (águas correntes com um fluxo contínuo e unidirecional), em diferentes regiões de São Paulo e também na cidade de Bonito (MS), o conhecimento biológico básico tem uma aplicação direta em duas atividades que são consideradas por ele essenciais para que a preservação possa realmente ocorrer.

"Hoje, nas atividades de educação ambiental e também de ecoturismo, é preciso saber quais são as espécies que estão naquele ambiente e como elas se comportam ao longo das quatro estações. O conhecimento biológico básico é também uma fonte de renda nesse caso", disse.

Na visão do pesquisador, no campo essencialmente científico, além de o monitoramento biológico hoje ser o mais recomendado para saber se determinada área geográfica está ou não impactada, o conhecimento básico sobre as espécies em geral está correndo sérios riscos de extinção, por um motivo nem sempre discutido.

"Faltam taxonomistas. É preciso ter em mente que a identificação de novas espécies é uma carreira dinâmica e moderna. Acabou aquela história de ficar enfiado em um laboratório, dedicando-se a uma única peça. Hoje, a taxonomia se relaciona com a ecologia, com a genética. Essa ciência precisa dessas relações para se tornar mais robusta. Precisamos formar gente nesse campo", defendeu Branco.


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