Foto: Palestinian Water Authority
Em entrevista à Agência FAPESP, cientista da Universidade Ben Gurion, de Israel, explica modelo que desenvolveu para interromper o fluxo de água salgada ao aqüífero de Gaza, no Oriente Médio. A solução pode manter a água própria para o consumo e ainda estimular a cooperação entre judeus e palestinos
Em entrevista à Agência FAPESP, cientista da Universidade Ben Gurion, de Israel, explica modelo que desenvolveu para interromper o fluxo de água salgada ao aqüífero de Gaza, no Oriente Médio. A solução pode manter a água própria para o consumo e ainda estimular a cooperação entre judeus e palestinos
Foto: Palestinian Water Authority
Por Eduardo Geraque
Agência FAPESP - Na região da Faixa de Gaza, no Oriente Médio, vivem cerca de 1,3 milhão de pessoas que, além de estarem em uma região de conflito, têm como única fonte de água disponível para o consumo um aqüífero que se formou nos subterrâneos da própria região.
O consumo não só fez diminuir o nível da reserva, como provocou um fenômeno prejudicial para a qualidade da água. Por causa da alteração da pressão, fluxos de água salina, vindos de lençóis freáticos localizados em Israel, estão deixando a água do aqüífero da Faixa de Gaza cada vez mais salobra. O resultado é que a água poderá se tornar cada vez mais rara nos próximos anos.
Um estudo feito em 2001, por cientistas do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, verificou que a presença cada vez maior de sal no aqüífero pode destruir a agricultura da Faixa de Gaza em menos de 20 anos.
"Como o Aqüífero de Gaza é o único disponível para aquela população, algo precisa ser feito", disse Avner Vengosh, da Universidade Ben Gurion, de Israel, à Agência FAPESP. O cientista israelense apresentou, no início do mês, uma solução para o problema, durante reunião anual da sociedade norte-americana de geologia, em Seattle, nos Estados Unidos.
Vengosh coordenou uma equipe de pesquisadores israelenses, palestinos e franceses, em pesquisa financiada pela União Européia. O modelo desenvolvido pelo grupo prevê a perfuração de vários poços em Israel, evitando que a água salgada atinja o aqüífero. O líquido que seria retirado por esses poços teria que ser dessalinizado na superfície. "Com isso, interromperíamos o fluxo do sal e preservaríamos a qualidade da água do reservatório", disse o pesquisador.
Vengosh faz questão de avisar que esse é apenas um modelo alimentado com dados geoquímicos. "Não existe ainda nada feito nesse campo", disse. O pesquisador acredita ainda que o projeto seria uma boa oportunidade de colocar palestinos e israelenses em torno de um objetivo comum. "Esse é um modelo de cooperação, que poderá ser muito útil para o futuro", disse. Segundo ele, em 2010, a população da Faixa de Gaza, uma área de 600 quilômetros quadrados, deverá ser o dobro da atual, o que poderá agravar ainda mais a situação.
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