Terapia segura
12 de setembro de 2005

Resultados positivos com o uso de células-tronco do próprio paciente para reverter quadros de cardiopatia sustentam a tese de que pesquisadores como Ricardo Ribeiro dos Santos, da Fiocruz, estão no caminho certo

Terapia segura

Resultados positivos com o uso de células-tronco do próprio paciente para reverter quadros de cardiopatia sustentam a tese de que pesquisadores como Ricardo Ribeiro dos Santos, da Fiocruz, estão no caminho certo

12 de setembro de 2005

 

Por Eduardo Geraque, de Águas de Lindóia

Agência FAPESP - No Brasil, apenas para o caso de cardiopatias, já são mais de cem pessoas que receberam doses de células-tronco de suas próprias medulas. Se a preocupação com a segurança fica um pouco reduzida, por causa da origem do material, a eficiência do método ainda é uma resposta parcialmente obtida.

"O sucesso, nos casos analisados até agora, é alto. Entretanto, um novo estudo vai começar em breve para que possamos definir esse método como sendo realmente factível", disse Ricardo Ribeiro dos Santos, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Bahia, à Agência FAPESP. O cientista é responsável pelos estudos com células-tronco da medula para tratamento da doença de Chagas.

Um grupo de 300 pessoas que desenvolveram a doença chagásica já está definido para essa nova etapa da pesquisa científica. Desse total, 150 serão sorteados para receber o tratamento convencional, por meio de medicamentos. Os demais vão receber as células-tronco.

No Brasil, sob responsabilidade da equipe de Santos, 35 pacientes foram tratados pela metodologia nos últimos anos. Na maior parte dos casos, o quadro geral dos doentes melhorou. "Todos saíram da fila de transplante", diz o pesquisador. Além de o coração diminuir um pouco de tamanho, uma vez que a doença de Chagas causa um inchaço do órgão, novos vasos e fibras também foram detectados. "Ainda não sabemos ao certo qual é o mecanismo usado pelas células-tronco", conta Santos.

Em outros centros do Brasil a mesma metodologia vem sendo usada, além do mal de Chagas, para outros problemas do coração. O maior número de injeções de células-tronco ocorreu com pacientes com infarto agudo do miocárdio. "Até agora foram tratados 40 pacientes com a técnica", diz Santos. Pessoas com infarto agudo e cardiopatias dilatadoras, além da chagásica, também já receberam suas próprias células-tronco embrionárias adultas.

"Casos de acidente vascular cerebral também já estão sendo tratados da mesma forma. Temos dez pacientes sendo acompanhados", explica. Mas a injeção de novas células, nesse caso, precisa ser feita na fase aguda, logo depois do acidente. O novo material genético é manipulado por meio de um catéter.

Apesar do sucesso com as técnicas de células adultas, Santos acredita que o futuro desse método está na manipulação das células embrionárias de cordão umbilical. "Elas são altamentes disponíveis. E podem ser retiradas inclusive da própria placenta. A partir desse material pode ser gerada uma série de células que vão servir para muitas pessoas", disse.


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