Desconhecimento sobre a infecção pelo HIV ainda é um grande problema na África, segundo a demógrafa inglesa Marie-Louise Newell (foto:W. Castilhos)

Terapia para reduzir riscos
28 de julho de 2005

Segundo a inglesa Marie-Louise Newell, menos de 10% de mulheres HIV positivas fazem uso do tratamento anti-retroviral na África, que pode prevenir em quase 100% a transmissão para os filhos

Terapia para reduzir riscos

Segundo a inglesa Marie-Louise Newell, menos de 10% de mulheres HIV positivas fazem uso do tratamento anti-retroviral na África, que pode prevenir em quase 100% a transmissão para os filhos

28 de julho de 2005

Desconhecimento sobre a infecção pelo HIV ainda é um grande problema na África, segundo a demógrafa inglesa Marie-Louise Newell (foto:W. Castilhos)

 

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP - Na África subsaariana, diariamente 1,8 mil crianças adquirem HIV através de suas mães, por transmissão vertical durante a gravidez. A informação é da demógrafa inglesa Marie-Louise Newell, professora do Centro de Pediatria, Epidemiologia e Bioestatística do Instituto de Saúde Infantil da Universidade de Londres.

"Muitas mulheres não sabem que estão infectadas ou mesmo os homens não querem que suas mulheres sejam testadas para Aids", observou na quarta-feira (27/7), último dia da 3ª Conferência da Sociedade Internacional de Aids (IAS) sobre Patogênese e Tratamento do HIV/Aids, no Rio de Janeiro.

Segundo a pesquisadora, menos de 10% de mulheres HIV positivas fazem uso do tratamento anti-retroviral, o que pode prevenir em quase 100% a transmissão vertical, se for iniciado logo após a 28ª semana de gestação.

Outra forma de transmissão de mãe para filho bastante preocupante para os especialistas é pelo aleitamento. Estimativas alertam que, em dez anos, cerca de 300 mil crianças deverão adquirir o HIV por meio do aleitamento materno. "O melhor seria suspender a amamentação, como em alguns países, ou fazê-la por no máximo seis meses", defendeu Marie-Louise.

A terapia anti-retroviral para prevenção da transmissão vertical reduz substancialmente o risco de morte da criança, mesmo apresentando riscos como a indução ao parto prematuro. Segundo a cientista, atualmente, mais de 600 mil crianças precisam da terapia na África.

"Em locais como África do Sul, Zimbábue, Namíbia e Botsuana, a Aids é responsável por dois terços das mortes de crianças com menos de cinco anos. A relutância de certos países em fornecer preservativos para jovens mulheres põe em risco programas de prevenção. Lamentavelmente, o continente africano está sendo afetado pela política moralista do governo Bush. Afinal, eles dependem do capital norte-americano e, por isso, têm de se submeter a esse tipo de imposição", disse Marie-Louise.


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