As contribuições da Poli estão dissecadas na obra lançada na semana passada em São Paulo
Na obra Escola Politécnica, 110 anos Construindo o Futuro, lançada em São Paulo, os historiadores Shozo Motoyama e Marilda Nagamini dissecam a vida de uma das mais importantes instituições de ensino e pesquisa em engenharia do Brasil
Na obra Escola Politécnica, 110 anos Construindo o Futuro, lançada em São Paulo, os historiadores Shozo Motoyama e Marilda Nagamini dissecam a vida de uma das mais importantes instituições de ensino e pesquisa em engenharia do Brasil
As contribuições da Poli estão dissecadas na obra lançada na semana passada em São Paulo
Agência FAPESP - O Estado de São Paulo respirava café na útima década do século retrasado. A burguesia que surgira no início do Período Republicano no Brasil foi uma das principais defensoras da criação de uma escola de ensino técnico e tecnológico no estado. O então deputado estadual Antonio Francisco de Paula Souza, defensor ardoroso da idéia, aproveitou o clima favorável dos anos 1890 para lançar uma campanha pela criação do Instituto Politécnico.
"Desde o início da Poli, a proposta era sempre associar o ensino teórico ao prático", disse a historiadora Marilda Nagamini à Agência FAPESP. A pesquisadora, ao lado do professor Shozo Motoyama, do Centro Interunidade de História da Ciência da USP, é uma das autoras do livro Escola Politécnica, 110 anos Construindo o Futuro, lançado na semana passada em São Paulo.
Oficialmente, a Escola Politécnica de São Paulo surgiu em 1892 fruto de duas leis estaduais. A influência suiça, nos primeiros anos, se tornou bastante grande. "O Paula Souza havia estudado em Zurique e isso contribuiu para essa relação", explica Marilda.
Dentro da proposta teórico-prática que havia nos primórdios da Poli, o funcionamento do Gabinete de Resistência dos Materiais, concebido a partir de um plano elaborado por Ludwig von Tetmayer, do Laboratório de Ensaios de Zurique, pode ser considerado exemplar. "Lá eram realizados os testes com concreto, ou o cimento armado, como era conhecido na época esse material".
Na exaustiva radiografia que é feita pelos historiadores em todo o livro, fica claro que essa relação entre teoria e prática nunca mais iria abandonar as atividades politécnicas. A própria moderninazação da cidade de São Paulo, nas primeiras décadas do século passado, contou com a participação da Escola de Engenharia. Os projetos saídos dos laboratório da Poli foram fundamentais na opção que os políticos da época fizeram. Trocar a taipa pelo concreto na construção das casas era uma medida considerada mais do que necessária.
Segundo Marilda, a contribuição da Politécnica também pode ser observada na organização da cidade em termos de sanemaneto básico. "Tanto na questão do abastecimento de água, como na construção dos sistemas de tratamento de esgoto", explica.
Seja com Paula Souza, com seu seguidor Francisco de Paula Ramos de Azevedo, ou mesmo com os dirigentes mais contemporâneos da Polítécnica essa relação entre laboratório e a rua esteve sempre presente. Mesmo mais recentemente, quando a chamada terceira revolução industrial, marcada pela chegada da informática, ocorreu. "No momento, dentro dessa filosofia, um dos grandes desafios que a Poli enfrenta é o de redesenhar o ensino da engenharia no País", disse a historiadora.
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