Novo modelo computacional calcula que o próximo ciclo solar será até 50% mais forte do que o atual, podendo danificar satélites e provocar falhas em sistemas de telefonia e de energia elétrica
(foto: Soho/Nasa)

Tempestades solares intensas a caminho
08 de março de 2006

Novo modelo computacional calcula que o próximo ciclo solar será até 50% mais forte do que o atual, podendo danificar satélites e provocar falhas em sistemas de telefonia e de energia elétrica

Tempestades solares intensas a caminho

Novo modelo computacional calcula que o próximo ciclo solar será até 50% mais forte do que o atual, podendo danificar satélites e provocar falhas em sistemas de telefonia e de energia elétrica

08 de março de 2006

Novo modelo computacional calcula que o próximo ciclo solar será até 50% mais forte do que o atual, podendo danificar satélites e provocar falhas em sistemas de telefonia e de energia elétrica
(foto: Soho/Nasa)

 

Agência FAPESP - Vem aí um período de intensa atividade solar, como não se via há muitos anos. Segundo pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR), nos Estados Unidos, o ciclo será de 30% a 50% mais forte do que o atual.

O Sol alterna momentos de intensa atividade com outros de tranqüilidade. Atualmente, a estrela está próxima ao ponto mais calmo do atual ciclo, que leva o número 23 – os ciclos, que têm em média 11 anos, são numerados desde o século 18.

Cientistas têm estudado há tempos os períodos de atividade solar, mas nunca conseguiram prever suas durações e intensidades. Agora, isso pode mudar. Pesquisadores do NCAR desenvolveram um novo modelo computacional e o fizeram rodar simulações dos últimos oito ciclos solares. Em seguida, compararam os dados obtidos com registros reais. A precisão de acertos foi de 98%.

O modelo usa dados do movimento interior do plasma e dos campos magnéticos do Sol, obtidos pelo Observatório Solar e Heliosférico (Soho), das agências espaciais norte-americana (Nasa) e européia (ESA). Lançada em 1995, a nave está em órbita a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra.

Satisfeitos com a eficiência, os autores do estudo colocaram o modelo para projetar o ciclo 24. Os resultados apontaram, além da intensidade maior do que o atual, que ele deve começar no fim de 2007 ou no início de 2008, ou de seis meses a um ano mais tarde do que se esperava.

Outro ponto de destaque é que o ciclo deverá produzir manchas em uma área superior a 2,5% da superfície visível do Sol. Se o ciclo chegar a uma intensidade 50% maior do que o atual, se tornará o mais forte desde a década de 1950.

"Pela primeira vez pudemos prever a força do ciclo solar", disse a líder do estudo Mausumi Dikpati, em videoconferência na segunda-feira (6/3), ao anunciar os resultados. "Nosso modelo demonstrou a capacidade necessária para ser usado como uma ferramente de previsão."

Prever os momentos do ciclo solar é fundamental num mundo altamente dependente de sistemas elétricos e eletrônicos. No momento de maior intensidade, previsto pelos cientistas para 2012, fortes tempestades solares poderão danificar satélites, provocar falhas na transmissão de energia elétrica e atrapalhar ligações por celulares.

Em 1989, uma tempestade solar provocou um colapso na rede elétrica em Quebec, no Canadá, levando a um blecaute de cinco horas. Os efeitos da intensa atividade do Sol também poderão embaralhar as comunicações de aviões, forçando a mudanças de rotas, e colocar em risco a segurança de astronautas.

Os cientistas do NCAR pretendem divulgar no ano que vem a previsão para o ciclo 25, que deverá ter um pico por volta de 2022.

O estudo dos efeitos da atividade solar na Terra tem ocupado espaço cada vez maior nos últimos anos. Para aumentar o conhecimento na área, o Comitê Científico Internacional de Física Solar-Terrestre (Scostep) lançou o programa Cawses (Climate and Weather of the Sun-Earth System), que tem sido conduzido por pesquisadores de diversos países – entre os quais o Brasil – desde 2004.

Os progressos conseguidos pelo programa até o momento estão sendo apresentados até sexta-feira (10/3), no 11º Simpósio Internacional sobre Sol, Ciência Espacial e Clima (STP-11), no Rio de Janeiro. Para saber mais sobre o evento, clique aqui.


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