Método pode colocar a indústria sucroalcooleira brasileira na disputa pelo mercado de hidrogênio
Foto: Divulgação

Tecnologia 100% nacional
04 de março de 2005

Grupo de pesquisadores da Unesp e Unicamp estuda meios para transformar o etanol em hidrogênio. Um dos protótipos testado mostrou resultados animadores, a produção de energia supriu as necessidades de uma residência com até seis pessoas

Tecnologia 100% nacional

Grupo de pesquisadores da Unesp e Unicamp estuda meios para transformar o etanol em hidrogênio. Um dos protótipos testado mostrou resultados animadores, a produção de energia supriu as necessidades de uma residência com até seis pessoas

04 de março de 2005

Método pode colocar a indústria sucroalcooleira brasileira na disputa pelo mercado de hidrogênio
Foto: Divulgação

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) estão estudando meios de produzir hidrogênio em escala industrial utilizando como base o etanol e o vapor proveniente da queima da cana. Pelo fato de ser um combustível não poluidor, a intenção do Grupo de Otimização de Sistemas Energéticos (Gose) é desenvolver uma tecnologia de baixo custo que consiga obter o hidrogênio diretamente das usinas de açúcar e álcool.

O projeto "Produção de Hidrogênio por Reforma a Vapor de Etanol" conta com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e com apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por meio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

"Ao queimarem o bagaço proveniente da produção de álcool, o vapor gerado nesse processo, ao reagir com o etanol, causa uma reação que vai gerar hidrogênio", explicou José Luiz Silveira, coordenador do projeto, à Agência FAPESP. Segundo ele, o processo geral também produz monóxido de carbono (CO) e gás carbônico (CO 2), que são eliminados por sistemas catalíticos.

"O hidrogênio é uma fonte inesgotável de energia limpa. Sendo o etanol um combustível renovável, por ser originado da biomassa (cana de açúcar), o hidrogênio obtido neste processo também pode ser considerado renovável", disse.

O fato do hidrogênio se transformar em eletricidade quando ocorre a reação com o oxigênio dentro das células a combustível aumenta a importância dessas pesquisas. "Em um futuro próximo, teremos carros elétricos movidos a células a combustível. E esta tecnologia vai precisar do hidrogênio, via usinas de açúcar e álcool", ressalta o professor da Faculdade de Engenharia (FE) da Unesp, em Guaratinguetá.

A inovação está sendo desenvolvida por meio de testes experimentais com reformadores de etanol, equipamentos próprios para a produção do hidrogênio. Essas máquinas podem ser instaladas em usinas de cana-de-açúcar. O Gose construiu dois protótipos. Um em funcionamento no laboratório da Unesp, em Guaratinguetá, e outro que será instalado no Laboratório de Hidrogênio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), em Belo Horizonte (MG).

Os resultados são animadores: os dois reformadores de etanol chegam a produzir até três metros cúbicos de hidrogênio por hora, suficiente para alimentar células a combustível de até 5 quilowatts (kW). "Nós chegamos a um índice de conversão de etanol para hidrogênio acima de 60%", disse Silveira, lembrando que equipamentos com essa potência são capazes de suprir as necessidades de uma residência com até seis pessoas.

"Com base nesses resultados, o grande objetivo agora é buscar parcerias junto a agências de fomento e concessionárias interessadas em financiar a instalação de um grande reformador em uma usina de açúcar e álcool", disse. "A proposta é colocar a indústria sucroalcooleira brasileira na disputa pelo mercado de hidrogênio para atender aos postos de gasolina do futuro."

Mais informações: joseluz@feg.unesp.br ou www.feg.unesp.br/gose.


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