Especialistas de diversos países apresentam, em evento realizado em São Paulo, resultados de experiências sobre o uso medicinal da maconha

Substância controversa
16 de abril de 2004

Especialistas de diversos países apresentam, em evento realizado em São Paulo, resultados de experiências sobre o uso medicinal da maconha e discutem até que ponto tal utilização pode ser benéfica

Substância controversa

Especialistas de diversos países apresentam, em evento realizado em São Paulo, resultados de experiências sobre o uso medicinal da maconha e discutem até que ponto tal utilização pode ser benéfica

16 de abril de 2004

Especialistas de diversos países apresentam, em evento realizado em São Paulo, resultados de experiências sobre o uso medicinal da maconha

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Redução da capacidade motora, taquicardia, hipotermia, retardo psicomotor, crises de ansiedade, prejuízos à concentração e depressão. A lista de problemas decorrentes da aplicação do delta-9-tetrahydrocannabinol (THC), um dos 66 canabinóides presentes na maconha, verificada em testes em animais, é bastante conhecida da comunidade científica.

O que os pesquisadores ainda não têm certeza, mas vêm estudando em diversas partes do mundo, é até que ponto o uso medicinal da maconha pode ser benéfico para os seres humanos. Em palestra realizada quinta-feira (15), em São Paulo, durante o simpósio "Cannabis sativa e substâncias canabinóides em medicina", Roger Pertwee, professor de neurofarmacologia da Universidade de Aberdeen, na Inglaterra, mostrou o lado positivo da questão.

Experimentos realizados pelo cientista britânico, não apenas em animais, mas também em humanos, têm mostrado que substâncias baseadas em canabinóides podem produzir efeitos analgésicos importantes. "Existe a possibilidade de criar mecanismos que atuem diretamente no cérebro, sobre os receptores responsáveis pela percepção de dor, onde a droga ativa poderia causar alívio imediato", afirmou.

Pertwee lembrou que o potencial terapêutico do THC tem sido testado em alguns países, como no combate a náuseas e vômitos causados por drogas anticâncer. Segundo ele, canabinóides também estimulam o apetite, o que pode ajudar a reverter o processo de perda de peso excessiva em pacientes portadores de aids.

Na década de 80, nos Estados Unidos e na Europa, medicamentos à base de TCH sintéticos passaram a ser usados em casos especiais, como para aliviar a dor em tratamentos contra o câncer e a aids. Recentemente, entretanto, leis federais norte-americanas têm restringido tal uso medicinal.

"Se um médico nos Estados Unidos prescrever a maconha hoje, poderá ter sérios problemas com o governo", afirmou Brian Thomas, diretor do departamento de Química Bioanalítica do Research Triangle Institute, que também esteve no evento realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para Jorge Armando Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e Presidente do Conselho Nacional Antidrogas (Conab), o assunto ainda tem muito mais dúvidas do que certezas. "Estudos em alguns países têm atestado a possibilidade de uso médico da Cannabis sativa, mas tais experiências ainda são insuficientes para dar conta de todas as questões e contradições que se apresentam", disse no evento em São Paulo.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.