Julia Felippe, diretora da Divisão de Biologia Médica do Instituto Adolfo Lutz (foto: Eduardo Geraque)

Soluções derivadas da crise
19 de novembro de 2003

No Congresso Brasileiro de Microbiologia, Julia Felippe, diretora do Instituto Adolfo Lutz, explica como o surto da Sars deixou lições importantes. "Um médico sair do hospital de avental e estetoscópio pendurado no pescoço, por exemplo, é algo que deve ser abolido, pois apenas aumenta o risco de contaminação", disse

Soluções derivadas da crise

No Congresso Brasileiro de Microbiologia, Julia Felippe, diretora do Instituto Adolfo Lutz, explica como o surto da Sars deixou lições importantes. "Um médico sair do hospital de avental e estetoscópio pendurado no pescoço, por exemplo, é algo que deve ser abolido, pois apenas aumenta o risco de contaminação", disse

19 de novembro de 2003

Julia Felippe, diretora da Divisão de Biologia Médica do Instituto Adolfo Lutz (foto: Eduardo Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Florianópolis

Agência FAPESP - O dia 12 de março de 2003 entrou para história da microbiologia por causa de um alerta global. Naquele dia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) avisou que a letal síndrome respiratória aguda grave (Sars) poderia atingir qualquer parte do planeta.

"Tivemos que lidar com aquela situação de forma rápida e sem estarmos devidamente preparados. Na realidade, ninguém poderia estar pronto", disse Julia Maria Martins Felippe, diretora da Divisão de Biologia Médica do Instituto Adolfo Lutz de São Paulo, à Agência FAPESP.

O instituto ficou responsável por vigiar eventual chegada da Sars ao Brasil e conseguiu executar a missão com alta eficiência. "Ao todo, tivemos 32 casos suspeitos no país. Depois de todos os testes sorológicos e moleculares realizados no Adolfo Lutz, ficou-se sabendo que a Sars não chegou realmente por aqui", disse Julia, que está em Florianópolis participando de sessão temática sobre Virologia, dentro do Congresso Brasileiro de Microbiologia.

"A não explosão da doença mostrou que as medidas tomadas para o controle, no Brasil e no exterior, foram bastante acertadas", disse a cientista, que elogiou a liderança da OMS na coordenação das estratégias usadas para barrar o surto.

Apesar do encerramento do surto da Sars, anunciado pela OMS em 29 de setembro, a volta da doença é dada como provável pela própria organização. "Além dela temos, no Brasil, outras doenças emergentes que preocupam, como as causadas pelos hantavírus e arenavírus", disse Julia.

Na visão da diretora do Adolfo Lutz, o episódio deixou várias lições que não podem ser esquecidas. "Sabemos, cada vez mais, que a cooperação internacional é fundamental, assim como deve existir uma forte política pública de saúde, investimentos em infra-estrutura e laboratórios seguros para os pesquisadores trabalharem", afirmou.

Os números da Sars mostram que os próprios profissionais de saúde foram bastante afetados. Quase 2 mil morreram em todo o mundo. "A própria conscientização dos médicos e enfermeiros é importante. Sair do hospital de avental e estetoscópio pendurado no pescoço, por exemplo, é algo que deve ser abolido, pois apenas aumenta o risco de contaminação", disse Julia.

Além da Sars, do hantavírus e do arenavírus, outros problemas preocupam o Instituto Adolfo Lutz. "A leishmaniose visceral voltou a ser um problema no país. A OMS também prevê, para os próximos cinco anos, uma grande pandemia do vírus influenza, o causador da gripe", disse Julia.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.