Painéis solares para aplicações aeroespaciais, fabricados por empresa brasileira, serão usados no próximo satélite do programa Cbers, que será lançado em setembro, na China (foto: divulgação)

Solução em órbita
22 de maio de 2007

Painéis solares para aplicações aeroespaciais, fabricados por empresa brasileira, serão usados no próximo satélite do programa Cbers, que será lançado em setembro, na China. Até então, equipamento era importado da Alemanha

Solução em órbita

Painéis solares para aplicações aeroespaciais, fabricados por empresa brasileira, serão usados no próximo satélite do programa Cbers, que será lançado em setembro, na China. Até então, equipamento era importado da Alemanha

22 de maio de 2007

Painéis solares para aplicações aeroespaciais, fabricados por empresa brasileira, serão usados no próximo satélite do programa Cbers, que será lançado em setembro, na China (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Uma empresa brasileira conseguiu inserir o país no grupo de produtores de painéis solares para aplicações aeroespaciais, um clube seleto do qual fazem parte apenas França, Alemanha, Japão, Rússia, China e Estados Unidos.

A Orbital Engenharia, com sede em São José dos Campos (SP), é responsável pela produção de três painéis que compõem o Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers-2B), construído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, com previsão de lançamento para setembro a partir da China.

"Pela primeira vez, os painéis solares do programa Cbers foram fabricados no Brasil. Até então, eram importados da Alemanha", disse o engenheiro mecânico Célio Costa Vaz, diretor da Orbital, à Agência FAPESP. "Os painéis passaram por todos os testes de aceitação do Inpe e foram instalados no satélite, que já está na China em campanha de lançamento."

Também conhecidos como geradores fotovoltaicos, os painéis captam a radiação solar e a convertem em eletricidade. Enquanto uma parte da energia elétrica produzida alimenta diretamente o satélite, a outra é armazenada em baterias para utilização enquanto ele se localiza nos cones de sombra projetados pela Terra.

Vaz, que trabalhou como projetista de painéis solares durante 18 anos no Inpe antes de fundar em 2001 a Orbital Engenharia – com pesquisas apoiadas pelo Programa Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP –, explica que os painéis são compostos pela ligação em série de milhares de Solar Cell Assembly (SCA), unidades formadas por três componentes: célula solar, interconector e cobertura de proteção (cover glass).

A célula solar é responsável pela captação da luz do sol, enquanto o interconector faz o contato elétrico entre as células por meio de minúsculas partículas de prata. A cobertura de proteção, que é feita de vidro, protege as células das radiações do espaço. Para os três painéis do Cbers-2B, foram empregados 16 mil SCAs.

"Para fabricar os SCAs, utilizamos dois componentes, a célula solar e o cover glass, que ainda são importados, e o interconector, que já fabricamos no país. A grande inovação, no entanto, está na projeção e criação de todos os equipamentos e dispositivos que nos permitem unir esses três componentes e montar os painéis no Brasil", disse Vaz.


Responsabilidade espacial

Os satélites CBERS são utilizados para o imageamento terrestre. As imagens geradas pelo exemplar mais recente da série, o CBERS-2, em operação desde 2003, têm aplicação no controle do desmatamento e queimadas, no monitoramento de recursos hídricos e em análises em áreas agrícolas, sobre crescimento urbano ou de ocupação do solo. O CBERS-2B tem três câmeras a bordo e deverá garantir o fornecimento de imagens iniciado com o CBERS-1, em 1999.

A Orbital Engenharia também é responsável pelo projeto e fabricação dos painéis solares para a Plataforma Multimissão (PMM) do Inpe. "O modelo estrutural dos painéis, utilizado para os testes ambientais de qualificação, foi entregue ao instituto no fim do ano passado. No segundo semestre deste ano, deveremos iniciar a fabricação dos modelos de vôo, ou seja, os painéis solares que estarão em órbita junto à PMM", explicou Vaz.

A Plataforma Multimissão, que servirá de suporte para diferentes satélites científicos e de observação da Terra, tem previsão de lançamento para 2009. Para efeito de comparação, se os satélites fossem compostos por dois módulos – um de serviço e outro de carga útil –, a PMM abrigaria apenas um amplo módulo de serviço para fornecer energia a outros satélites.

"Economia de divisas, geração de novos empregos locais e independência tecnológica seriam as três grandes vantagens da fabricação nacional dos painéis solares. Temos uma economia por unidade que varia de 15% a 25% quando os serviços de fabricação dos painéis são realizados no Brasil", destacou Vaz.

Mais informações: http://orbital-eng.com


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