Sistema Leaf, utilizado por 35 empresas e desenvolvido com apoio do PIPE-FAPESP, foi adotado pela Prolagos, responsável pelos serviços de saneamento em sete municípios no Rio de Janeiro (foto: Prolagos)

Software controla pressão de água em rede de distribuição
09 de fevereiro de 2018
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Sistema Leaf, utilizado por 35 empresas e desenvolvido com apoio do PIPE-FAPESP, foi adotado pela Prolagos, responsável pelos serviços de saneamento em sete municípios no Rio de Janeiro

Software controla pressão de água em rede de distribuição

Sistema Leaf, utilizado por 35 empresas e desenvolvido com apoio do PIPE-FAPESP, foi adotado pela Prolagos, responsável pelos serviços de saneamento em sete municípios no Rio de Janeiro

09 de fevereiro de 2018
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Sistema Leaf, utilizado por 35 empresas e desenvolvido com apoio do PIPE-FAPESP, foi adotado pela Prolagos, responsável pelos serviços de saneamento em sete municípios no Rio de Janeiro (foto: Prolagos)

 

Elton Alisson  |  Agência FAPESP – Um software utilizado pela Coca-Cola Femsa para reduzir o desperdício de líquido no envase de refrigerantes permitiu reduzir em 2% a perda de água por vazamento – percentual equivalente a 2,5 milhões de metros cúbicos por ano – na distribuição na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro.

Batizado de Leaf, o sistema, desenvolvido pela I.Systems – uma empresa apoiada pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP –, será testado agora para controlar a captação de água de rios que abastecem a região fluminense, compreendida pelos municípios de Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Saquarema.

“Em razão dos bons resultados alcançados com a aplicação do software no controle da distribuição de água surgiu a oportunidade de expandir seu uso para a captação e, dessa forma, abranger todo o sistema de abastecimento da Região dos Lagos”, disse Igor Santiago, presidente da I.Systems.

De acordo com Santiago, a tecnologia de controle de diversas variáveis em uma linha de produção baseado em lógica fuzzy (ramo da inteligência artificial), desenvolvida pela startup, é hoje utilizada por 35 empresas.

A economia de 2% na perda por vazamento foi possível devido ao controle da pressão da água pelo software nas redes de distribuição da concessionária responsável pelos serviços de saneamento da região fluminense, a Prolagos.

“O controle de pressão da água em uma rede de distribuição é considerado um dos pontos operacionais mais importantes na distribuição de água. Enquanto uma pressão baixa pode não ser suficiente para transportar água para os pontos mais distantes e elevados de uma cidade, altas pressões aumentam as perdas por vazamento e podem gerar rompimento de tubulações”, explicou Santiago.

A fim de controlar a pressão nos diversos pontos de uma tubulação, as redes de distribuição utilizam bombas (boosters, em inglês), para direcionar o fluxo da água com alta pressão, e válvulas redutoras de pressão (VRPs), com o objetivo de estabilizar a pressão nos diversos pontos da tubulação. A tecnologia atual, contudo, não consegue observar em tempo real e de forma integrada toda a rede de distribuição.

“A tecnologia disponível até então basicamente olha para a pressão da água antes da bomba ou da válvula e decide o que esses equipamentos devem fazer. Só que isso pode gerar impactos mais para a frente, como a falta de água nas torneiras ou uma elevação de pressão que pode gerar ruptura de duto”, disse Santiago.

A Prolagos vinha buscando encontrar uma solução para controlar de forma automática e integrada as bombas e VRPs em suas redes de distribuição, com o intuito de reduzir as perdas por vazamento.

Ao ler uma reportagem sobre os resultados obtidos pela Coca-Cola Femsa com a aplicação do software desenvolvido pela I.Systems, o presidente da concessionária entrou em contato com Santiago e seus sócios.

A reportagem destacava que, por meio do sistema, a Coca-Cola Femsa, em Jundiaí, maior engarrafadora da marca na América Latina, reduziu em 31% as perdas por variação de nível de líquido injetado e em 42% as perdas por borbulhamento, além de ter conseguido o controle simultâneo das válvulas de pressão e de vazão. O resultado foi uma economia de 500 mil litros de refrigerante e de 100 mil garrafas PET por ano.

" O executivo da empresa imaginou que, se a tecnologia foi capaz de regular a vazão de refrigerantes em garrafas, teoricamente também poderia controlar a pressão da água na rede de distribuição da Prolagos", disse Santiago.

“Ele nos procurou, perguntou o que nós achávamos da aplicação do sistema para essa finalidade, e respondemos que era mais voltado para a indústria 4.0, enquanto essa nova aplicação para controlar a pressão da água em uma rede de distribuição seria mais voltada para smart city [cidade inteligente]”, afirmou Santiago.

“Aceitamos o desafio e decidimos fazer um diagnóstico inicial. Para isso, submetemos um projeto ao PIPE e fomos contemplados para a Fase 2 direta do programa [de execução da pesquisa]”, detalhou.

Controle remoto

A solução desenvolvida pela empresa foi interligar no sistema de inteligência artificial diversas informações, como o dia da semana (se feriado ou não), o horário, a temperatura na região, a época do ano (período de férias ou não) e a previsão de chuva, entre outras, para ajustar automaticamente a pressão da água na rede de distribuição.

Ao observar esse conjunto de informações, o sistema é capaz de adaptar a pressão às demandas instantâneas de água e prever o fornecimento para um período de até 72 horas.

“Por meio desse conjunto de informações, o sistema de inteligência artificial faz uma projeção e atribui uma responsabilidade de pressão de água para cada bomba e válvula da rede de distribuição”, disse Santiago.

“É como se todas as válvulas e bombas que compõem a rede passassem a funcionar com uma inteligência única, de forma global e integrada, e não de modo individual. Com isso, é possível evitar que a atuação em uma válvula, por exemplo, cause efeitos indesejados em outro ponto da rede e otimizar a operação como um todo”, afirmou.

Durante uma semana, o sistema se adequou ao perfil de fornecimento da região e otimizou automaticamente o controle de pressão. O resultado foi uma redução da vazão média no período de 5,8%, sem prejudicar o abastecimento.

O controle mais eficiente proporcionado pelo software também resultou em uma redução de 15% na vazão mínima noturna e, consequentemente, gerou uma redução nos índices de perda da região.

“Temos apresentado essa solução para outras concessionárias de serviços de saneamento no Estado de São Paulo e outras regiões do país para viabilizar a implantação dela em outros locais”, contou Santiago.

Um dos obstáculos que a empresa tem enfrentado para conseguir levar a solução para outras cidades brasileiras, contudo, é a limitação de infraestrutura das concessionárias de saneamento. A maioria delas não possui um nível de automação suficiente que possibilite controlar as válvulas remotamente.

“Diversas concessionárias ainda têm um sistema manual de controle, em que é preciso enviar um operador em campo para mudar a abertura de uma válvula. Isso inviabiliza a implantação do nosso sistema”, ponderou Santiago.

Leia mais sobre inovação apoiada pela FAPESP em http://pesquisaparainovacao.fapesp.br

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