Células-tronco adultas poderão melhorar a qualidade de vida de paciente com cirrose crônica

Sobrevida hepática
21 de setembro de 2005

Primeiro transplante no mundo com a utilização de células-tronco de medula óssea para tratar um paciente com cirrose crônica é realizado em Salvador

Sobrevida hepática

Primeiro transplante no mundo com a utilização de células-tronco de medula óssea para tratar um paciente com cirrose crônica é realizado em Salvador

21 de setembro de 2005

Células-tronco adultas poderão melhorar a qualidade de vida de paciente com cirrose crônica

 

Agência FAPESP - Sob coordenação dos professores Luiz Guilherme Lyra, da Universidade Federal da Bahia e do Hospital São Rafael, e Ricardo Ribeiro dos Santos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi feito na cidade de Salvador, na terça-feira (20/9), o primeiro transplante de que se tem notícia em todo o mundo a utilizar células-tronco de medula óssea para tratar um paciente com cirrose crônica. O material celular foi retirado do próprio paciente, um homem de 49 anos com processo adiantado de degradação do fígado.

A equipe do Laboratório de Engenharia Tecidual e Imunofarmacologia da Fiocruz da Bahia trabalha no projeto há dois anos. O mesmo grupo, coordenado por Ribeiro dos Santos, tem obtidos bons resultados com o uso de células-tronco no coração de portadores do mal de Chagas. Mas, ao contrário desse outro projeto, que está bem mais avançado, a expectativa não é retirar os portadores de cirrose da fila de transplantes.

"Nós utilizamos uma dieta composta de tetracloreto de carbono e álcool que, aplicada nos camundongos, provoca uma doença semelhante à cirrose crônica em seres humanos. Com utilização também do modelo da fibrose provocada pela esquistossomose, verificamos que o tratamento utilizando células-tronco reduziu em torno de 60% a fibrose hepática", explicou o pesquisador da Fiocruz, em comunicado da instituição.

No início do mês, Ribeiro dos Santos disse à Agência FAPESP, durante o 51º Congresso Brasileiro de Genética, em Águas de Lindóia (SP), que a cirurgia e a técnica são bastante seguras do ponto de vista clínico e experimental. Alguns representantes da comunidade científica questionaram se tais experimentos clínicos não estavam sendo feitos muito rapidamente. Para o pesquisador, o fato de as células utilizadas serem retiradas da própria pessoa elimina o risco de complicações.

O sucesso da cirurgia realizada terça-feira não implica o fim dos transplantes de fígado. O esperado é que a qualidade de vida do paciente melhore, a sobrevida aumente e ele possa esperar por mais tempo por um órgão sadio. Somente no Hospital São Rafael, em Salvador, local da cirurgia experimental, há 120 pessoas na fila de espera, para uma média de 6% a 7% de doadores.

A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) autorizou a realização do projeto de pesquisa para o estudo de células-tronco na cirrose hepática para cinco pacientes. A partir do relatório escrito pelos cientistas sobre esses casos, órgão decidirá pela liberação da realização de mais 25 procedimentos. As 30 cirurgias formam a chamada fase 1 do experimento científico.

O procedimento realizado no morador da capital baiana, que não teve o seu nome divulgado, foi relativamente simples do ponto de vista clínico. Os médicos retiraram uma quantidade de líquido produzido pela medula óssea da bacia do paciente, que foi purificado para a retirada das células-tronco. Por meio de um cateter, essas células foram injetadas dentro da artéria hepática, para que as células-tronco fossem levadas quase que diretamente até a lesão. Os resultados da cirurgia serão avaliados durante os próximos meses.


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