Atlas dos Municípios da Mata Atlântica é lançado no Senado Federal, com um alerta à gravidade em que se encontram os remanescentes do bioma
(foto: SOS Mata Atlântica)

Sobraram apenas 7%
27 de maio de 2004

Atlas dos Municípios da Mata Atlântica é lançado no Senado Federal, com um alerta à gravidade em que se encontram os remanescentes do bioma. Brasil perde um campo de futebol a cada quatro minutos

Sobraram apenas 7%

Atlas dos Municípios da Mata Atlântica é lançado no Senado Federal, com um alerta à gravidade em que se encontram os remanescentes do bioma. Brasil perde um campo de futebol a cada quatro minutos

27 de maio de 2004

Atlas dos Municípios da Mata Atlântica é lançado no Senado Federal, com um alerta à gravidade em que se encontram os remanescentes do bioma
(foto: SOS Mata Atlântica)

 

Por Thiago Rometo

Agência FAPESP - Da vegetação original da Mata Atlântica, que ocupava uma área de 1.360.000 km2 (ou 15% do território nacional), restam hoje apenas 7%, o que a coloca na posição de uma das florestas tropicais mais devastadas – e ameaçadas – do mundo, perdendo apenas para as florestas da ilha de Madagascar, na África.

Com base nesses dados alarmantes, foi lançado no Senado Federal, em Brasília, nesta quarta-feira (26/5), o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, que contém um ranking das regiões brasileiras que mais preservaram a vegetação nativa, com base no Índice de Preservação da Mata Atlântica (IPMA). A publicação mostra que, só na década de 1990, foram desmatados cerca de 900 mil hectares da floresta.

"O Brasil chega a perder o equivalente a um campo de futebol a cada quatro minutos", disse um dos responsáveis pela obra, Mário Mantovani, diretor de relações institucionais da Fundação SOS Mata Atlântica, em entrevista coletiva. "A perda de florestas compromete a água, a biodiversidade, o clima, a fertilidade do solo e a qualidade de vida de milhões de pessoas."

Entre as principais causas do desmatamento no Brasil, segundo Flávio Jorge Ponzoni, coordenador técnico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), estariam a especulação imobiliária, a ampliação das fronteiras agrícolas e o assentamento rural.

A idéia com o trabalho é mostrar ao público em geral a gravidade em que se encontram os remanescentes florestais das cidades, além de chamar a atenção dos senadores para o projeto da Lei de Uso e Conservação da Mata Atlântica, que aguarda aprovação no Senado Federal.

O atlas foi lançado em homenagem ao Dia da Mata Atlântica, comemorado em 27 de maio. Trata-se de uma parceria entre o Inpe e a Fundação SOS Mata Atlântica, que permite a visualização de 2.815 municípios brasileiros, mostrando dados estatísticos de 10 Estados abrangidos pelo bioma: Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

De acordo com o estudo, entre as capitais que apresentam a maior área de remanescentes florestais, Florianópolis ocupa o primeiro lugar, com 18.032 hectares ou 42% de áreas preservadas, seguido de São Paulo com 21% e Vitória com 20%. A capital com pior desempenho é Belo Horizonte, que apresenta somente 3% de áreas que existia originalmente.

O Atlas dos Municípios da Mata Atlântica foi elaborado a partir da interpretação de imagens provenientes dos satélites Landsat TM/ETM, além do aplicativo Spring, desenvolvido pelo Inpe, utilizado para interpretar as 115 cenas que cobrem a área total do mapeamento.

"Até o momento, utilizamos somente os percentuais de cobertura de remanescentes florestais sobre o território dos municípios estudados, mas nos próximos meses estaremos disponibilizando o índice de qualidade da Mata Atlântica, que incluirá dados socioeconômicos e de biodiversidade", explicou Ponzoni.

As dez cidades brasileiras que mais preservaram a Mata Atlântica:

1º - Ilhabela (SP): 92% de área preservada.
2º - Barro Preto (BA): 90%.
3º - Riozinho (RS): 90%.
4º - Ubatuba (SP): 89%.
5º - Iporanga (SP): 88%.
6º - Uruçuca (BA): 88%.
7º - Morretes (PR): 88%.
8º - Antonina (PR): 87%.
9º - Tapiraí (SP): 87%.
10º - Pedro de Toledo (SP): 84%.

As informações detalhadas estarão disponíveis a partir do dia 27 de maio, nos endereços www.sosmatatlantica.org.br e www.inpe.br.


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