Helene Gayle, presidente da IAS, avalia o papel fundamental da terapia antiretroviral como estratégia preventiva do HIV (foto: W. Castilhos)

Sinergia necessária
27 de julho de 2005

Helene Gayle, presidente da Associação Internacional de Aids, e outros cientistas avaliam o papel fundamental da terapia anti-retroviral como estratégia preventiva do HIV. Para eles, é preciso integrar prevenção e tratamento

Sinergia necessária

Helene Gayle, presidente da Associação Internacional de Aids, e outros cientistas avaliam o papel fundamental da terapia anti-retroviral como estratégia preventiva do HIV. Para eles, é preciso integrar prevenção e tratamento

27 de julho de 2005

Helene Gayle, presidente da IAS, avalia o papel fundamental da terapia antiretroviral como estratégia preventiva do HIV (foto: W. Castilhos)

 

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP - "Devemos ser cuidadosos até que seja provada a eficácia de novos métodos preventivos, para que as pessoas não desenvolvam um falso senso de segurança e passem a desenvolver um comportamento de risco", observou Helene Gayle, presidente da Associação Internacional de Aids (IAS), na 3ª Conferência em Patogênese e Tratamento do HIV/Aids, no Rio de Janeiro.

Para Helene, os esforços devem estar direcionados para a prevenção. "Em duas décadas da doença, temos muitas provas do que funciona ou não. Se quisermos frear o aumento dessa epidemia, precisamos de um conjunto de novas estratégias de prevenção. Hoje em dia, por exemplo, existem testes com diafragmas, que impediriam a infecção da mulher pelo ponto de entrada."

A pesquisadora afirmou que as vacinas em estudo atualmente deveriam ser pensadas prioritariamente como imunizantes aos não-portadores do HIV, e não para os soropositivos, como alguns grupos tentam fazer atualmente. "A prioridade deve ser para os HIV negativos, como uma arma de proteção contra a doença. Os anti-retrovirais desempenham papel fundamental no tratamento dos HIV positivos", disse.

A presidente da IAS enfatizou a importância desse tratamento para as estratégias de prevenção. "Com os anti-retrovirais, começamos a quebrar a cadeia de transmissão do vírus e a perceber quais são as melhores maneiras de trabalhar com as pessoas que já estão infectadas. Com isso, passamos a enxergar a prevenção com resultado da terapia anti-retroviral."

Salim Abdool Karim, professor de Epidemiologia Clínica da Universidade de Colúmbia e professor adjunto de Medicina na Universidade de Cornell, ambas nos Estados Unidos, endossou as palavras da colega. Para ele, ampliar o acesso ao tratamento significa aperfeiçoar a prevenção do HIV.

"Não podemos pensar em prevenção e tratamento como duas coisas diferentes. Temos que ver formas de como eles podem se combinar, criar uma sinergia. Só assim poderemos alcançar resultados que nunca alcançaríamos caso essas duas estratégias não estivessem combinadas", salientou.

Dividindo a mesa, o virologista Amalio Telenti, professor de virologia médica e co-diretor do Instituto de Microbiologia da Universidade de Lausanne, na Suíça, afirmou achar que a ciência está seguindo um passo natural em relação à progressão da doença. Para ele, não há surpresas.

"Sempre estamos em rota de colisão com epidemias. No momento em que elas vêm, nunca estamos preparados. O HIV e a infecção aviária são infecções do meio ambiente. Como em outras epidemias, muita gente morreu e ainda vai morrer. Todo esforço deve ser direcionado para minimizar esse impacto", concluiu.


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