A médica e pesquisadora Erika Kalil, da sociedade Brasileira de Estudos da Lesão Medular

Sinais de esperança
14 de novembro de 2003

Estudo feito pela Faculdade de Medicina da USP com células-tronco da medula óssea consegue recriar impulsos elétricos entre a região lesada e o cérebro. “Em um grupo de 30 pacientes, 12 tiveram a comunicação entre a medula e o cérebro reestabelecida”, disse Erika Kalil, uma das integrantes do grupo (foto)

Sinais de esperança

Estudo feito pela Faculdade de Medicina da USP com células-tronco da medula óssea consegue recriar impulsos elétricos entre a região lesada e o cérebro. “Em um grupo de 30 pacientes, 12 tiveram a comunicação entre a medula e o cérebro reestabelecida”, disse Erika Kalil, uma das integrantes do grupo (foto)

14 de novembro de 2003

A médica e pesquisadora Erika Kalil, da sociedade Brasileira de Estudos da Lesão Medular

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Estudo feito pela equipe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com células-tronco da medula óssea, conseguiu recriar impulsos elétricos entre a região lesada e o cérebro.

“Em um grupo de 30 pacientes, 12 tiveram a comunicação entre a medula e o cérebro reestabelecida, passando a ter registro de impulsos elétrico”, disse uma das integrantes do grupo, Erika de Meireilles Kalil, também presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Lesão Medular (Sobralem), à Agência FAPESP.

Todos os pacientes, segundo Erika, são portadores crônicos de lesões medulares. Sob rígidas normas de segurança definidos por protocolos internacionais, eles foram submetidos a experimentos que envolvem a introdução de células-tronco retiradas de suas próprias medulas.

“Como se trata de uma autoadoção, a questão ética fica bem mais fácil de ser tratada”, disse Erika. O resultado preliminar do estudo foi apresentado no dia 13, durante o Encontro Internacional sobre Células-tronco, em São Paulo.

“A nossa metodologia é absolutamente segura e tem se mostrado totalmente confiável do ponto de vista científico”, disse. Os pacientes, todos adultos e com lesões medulares completas, ainda não apresentaram nenhum ganho motor que possa ser registrado cientificamente.

Como a linha de pesquisa se mostrou promissora, novos passos estão sendo planejados pelos cientistas da USP. “A nossa intenção é dobrar o número de pacientes do grupo de lesões crônicas e começar, com a mesma metodologia, a tratar pacientes com lesões agudas de medula óssea”, disse Erika. Segundo ela, para essa segunda fase faltam, entre outras coisas, recursos para aquisição de medicamentos utilizados no tratamento.

As apresentações realizadas no encontro, encerrado no sábado, abordaram outras aplicações possíveis para o uso de células-tronco. Clive Svendsen, da Universidade de Wisconsin, mostrou resultados promissores em relação ao Mal de Parkinson. Em experiências clínicas, o neurocientista britânico radicado nos Estados Unidos descobriu que a aplicação de uma proteína, sintetizada no organismo como um fator de crescimento, conhecida pela sigla em inglês GDNF, pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes de Parkinson.

“Como existe a possibilidade de que as células-tronco sintetizem esse fator de crescimento, elas poderiam ser usadas em uma determinada fase do processo”, disse Svendsen. Atualmente, a droga é injetada diretamente no cérebro, por intermédio de um cateter ou por meio de um equipamento colocado sob a pele. “É importante lembrar que, no caso das doenças ligadas a células nervosas, o objetivo nunca é criar novos neurônios, mas proteger as células sadias do rápido processo de degeneração.”


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