Estudo feito no Programa de Engenharia Biomédica da UFRJ analisa a cobertura de atendimentos a casos de câncer no SUS e aponta a infra-estrutura necessária para atender a toda a demanda no Estado de São Paulo
Estudo feito no Programa de Engenharia Biomédica da UFRJ analisa a cobertura de atendimentos a casos de câncer no SUS e aponta a infra-estrutura necessária para atender a toda a demanda no Estado de São Paulo
Agência FAPESP - No Estado de São Paulo, a infra-estrutura necessária para o tratamento de pacientes com câncer no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda está longe de atingir a normalidade. Em 2002, apesar de 50,6 mil pacientes terem sido atendidos em hospitais públicos do Estado, o número representou apenas 43% dos 117,5 mil que portavam a doença em seus variados tipos, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Modificações estruturais no sistema são necessárias para que todos os casos de câncer que chegam ao SUS recebam assistência satisfatória, segundo pesquisa de doutorado de Saint Clair Gomes Júnior, apresentada no Programa de Engenharia Biomédica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A tese foi a ganhadora do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS em 2006.
A partir de informações coletadas do Registro Hospitalar de Câncer da Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp), das bases de produção hospitalar do SUS e do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o pesquisador desenvolveu um modelo de simulação para dimensionar a infra-estrutura necessária ao tratamento a pacientes assistidos pelo SUS no Estado de São Paulo.
"Trata-se de uma ferramenta de manipulação simples que pode ser aplicada em qualquer região do país, desde que os dados estejam disponíveis", disse Gomes Júnior, pesquisador do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), à Agência FAPESP.
O simulador criado pelo engenheiro biomédico apontou que, dos 50,6 mil casos de câncer atendidos pelo SUS em 2002 em São Paulo, 52,5% foram indicados para cirurgia oncológica, 42,7% para radioterapia e 48,5% para quimioterapia. Com essas informações, foram analisados o tempo total de tratamento e a infra-estrutura física e de equipamentos das unidades hospitalares.
"A partir do cruzamento do número total de casos de câncer com o tempo para o tratamento de cada paciente e a infra-estrutura disponível nos hospitais, estimamos o que faltava para garantir assistência integral a todos os casos de câncer diagnosticados em 2002", explica Gomes Júnior.
Para garantir a assistência integral aos casos de câncer, o pesquisador estimou a necessidade de mais 147 salas de cirurgia, 2.653 leitos cirúrgicos, 297 poltronas de quimioterapia e 102 equipamentos de terapia de radiação profunda nos 52 Centros de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) existentes no Estado.
"A conclusão é que São Paulo tem um número suficiente de unidades hospitalares para atender à demanda observada. O que falta é infra-estrutura. Apesar de os dados do estudo terem sido levantados em 2002, hoje as informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde não mostram alteração significativa", afirma.
Reconhecimento nacional
A tese Modelo de simulação da infra-estrutura necessária à assistência oncológica no Sistema Único de Saúde, orientada pela professora Rosimary Terezinha de Almeida, da UFRJ, ficou em primeiro lugar na categoria Doutorado do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS, edição 2006.
Os ganhadores em várias categorias foram conhecidos no começo de dezembro. A premiação é concedida anualmente pelo Ministério da Saúde e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O objetivo é incentivar a produção científica que tenha alto potencial de aplicação no SUS, de modo a contribuir para o aprimoramento dos serviços da rede pública de saúde.
Saint Clair Gomes Júnior explica que os resultados de seu trabalho, além de apontarem para a necessidade de revisão dos atuais parâmetros utilizados para o dimensionamento da infra-estrutura e dos tetos orçamentários do SUS, já estão sendo utilizados pelo Ministério da Saúde para a criação de novos parâmetros para a ampliação das unidades hospitalares de atendimento oncológico vinculadas ao SUS.
Para conhecer os outros vencedores do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS, clique aqui.
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