Simbiose pouco usual
26 de setembro de 2005

Descoberto grupo de poliquetas (foto) que vive em simbiose com bactérias. Segundo os autores do estudo, a parceria teria um papel fundamental na reciclagem de nutrientes entre as comunidades do oceano profundo

Simbiose pouco usual

Descoberto grupo de poliquetas (foto) que vive em simbiose com bactérias. Segundo os autores do estudo, a parceria teria um papel fundamental na reciclagem de nutrientes entre as comunidades do oceano profundo

26 de setembro de 2005

 

Agência FAPESP - Em fevereiro de 2002, a descoberta, nos Estados Unidos, de uma carcaça de baleia na fossa do cânion Monterrey, em águas californianas, parecia algo trivial, a não ser pela profundidade do achado, que estava a 2.891 metros de profundidade. Mas a surpresa viria após a análise das comunidades de invertebrados que viviam sobre o gigantesco animal em decomposição.

Os pesquisadores descreveram um novo grupo de poliquetas (espécie de verme marinho), vivendo em simbiose com bactérias específicas, sobre os ossos da baleia. Em artigo publicado na edição de setembro da revista Environmental microbiology, Shana Goffredi, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, e colaboradores revelam mais detalhes dessa inusitada simbiose.

Por ser um ambiente hostil, apontam, os vermes encontraram o caminho da sobrevivência ao fechar a parceria com as bactérias. E, depois disso, ambos resolveram retirar o alimento dos ossos da baleia. Várias estruturas morfológicas específicas existentes no grupo de vermes foram descritas no artigo.

"O tamanho significativo da população e a descoberta de quatro novas espécies hospedeiras para essa simbiose, nos últimos três anos, sugerem que os Osedax(nome dado ao grupo de vermes) e suas ‘parceiras’ desempenham um papel substancial na reciclagem de nutrientes nessa comunidade das profundezas oceânicas", afirma Shana, em comunicado da instituição de pesquisa onde trabalha.

A simbiose verme e bactéria, afirmam os cientistas, consegue processar, por exemplo, uma grande quantidade de carbono orgânico, que, no caso da baleia, existe em grande quantidade – mais de 50 toneladas em uma única carcaça. Os cálculos iniciais mostram que esse processo de reciclagem carbonática chega a ser 2 mil anos mais rápido do que os mecanismos usuais, já analisados, que funcionam no fundo do mar.


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