Estudos examinam os fatores neurobiológicos que promovem as diferenças entre homens e mulheres em relação ao comportamento sexual

Sexo cerebral
30 de setembro de 2004

Revista Nature Neuroscience traz edição especial com estudos que examinam os fatores neurobiológicos que promovem as diferenças entre homens e mulheres em relação ao comportamento sexual

Sexo cerebral

Revista Nature Neuroscience traz edição especial com estudos que examinam os fatores neurobiológicos que promovem as diferenças entre homens e mulheres em relação ao comportamento sexual

30 de setembro de 2004

Estudos examinam os fatores neurobiológicos que promovem as diferenças entre homens e mulheres em relação ao comportamento sexual

 

Agência FAPESP - "Sexo é bom para os genes. Ao recombinar continuamente o material genético a cada nova geração, a reprodução sexual faz com que o DNA evite acumular mutações danosas que poderiam mandar a espécie para a extinção."

A abertura acima é do editorial da revista Nature Neuroscience de outubro, que traz uma cobertura especial sobre o "cérebro sexual", em que examina como os cientistas estão procurando entender a neurobiologia por trás do comportamento sexual.

"Para entender o que nos estimula sexualmente, devemos primeiro olhar para o desenvolvimento, onde são formados os caminhos neurais básicos que irão direcionar machos e fêmeas para atuar de maneiras determinadas", diz o editor associado da publicação, Brian Fiske.

Em um dos artigos do especial, John Morris, Cynthia Jordan e Marc Breedlove, do Programa de Neurociência da Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos, discutem o desenvolvimento e a diferenciação de um número de estruturas sexualmente dimórficas no cérebro e no sistema nervoso de roedores e pássaros.

Os cientistas procuraram especialmente verificar como a testosterona promove o comportamento masculino e o desenvolvimento estrutural do cérebro pela alteração da sobrevivência celular e da formação das conexões sinápticas. Segundo os autores, comportamentos humanos complexos – como a orientação sexual – devem se desenvolver por meio das ações de hormônios pré-natais.

"Nos modelos de vertebrados estudados, um único fator, o hormônio testosterona, responde pela maioria das diferenças sexuais conhecidas na estrutura neural e no comportamento", afirmam os pesquisadores.

Mas, segundo eles, mais estudos são necessários para descobrir as células e genes específicos nos quais o hormônio atua para iniciar os eventos que levarão à diferenciação. "Homens e mulheres têm comportamentos distintos porque os primeiros são expostos à testostenona antes do nascimento?", questionam.

Embora, então, muito do que faz homens e mulheres sexualmente diferentes ocorra na gestação, é durante a adolescência que as particularidades de cada gênero se tornam mais evidentes, assim como se manifesta a capacidade de reprodução.

Para analisar o assunto, Cheryl Sisk, da Universidade do Estado de Michigan, e Douglas Foster, da Universidade de Michigan, descrevem em outro artigo como o cérebro auxilia no início da puberdade, levando à maturação das gônodas e à produção e liberação de hormônios. Esses atuam pela indução de características sexuais secundárias e pela estimulação de circuitos cerebrais formados durante o desenvolvimento, que controlam o comportamento sexual.

Para os autores, a adolescência é definida apenas a partir da ativação desses circuitos cerebrais pelos hormônios. Uma série de comportamentos não amadurece totalmente até a puberdade, o que sugere que o cérebro continua a se desenvolver sexualmente durante o período. "A maturidade reprodutiva é produto de interações precisas, recorrentes e dirigidas pelo cérebro entre hormônios esteroidais e o sistema nervoso adolescente", dizem.

Mais informações: www.nature.com/neuro/focus/sexual_brain/index.html


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