Fabricação do sétimo e último espelho (foto: GMTO Corporation/divulgação)

Astronomia
Sétimo e último espelho do Telescópio Gigante Magalhães começa a ser produzido
23 de outubro de 2023

Composto por 20 toneladas de vidro puríssimo, o componente vai levar quatro anos para ser fabricado, polido e testado. E formará, com os demais espelhos, uma área coletora de luz de 368 metros quadrados. O megatelescópio deverá entrar em operação no fim desta década

Astronomia
Sétimo e último espelho do Telescópio Gigante Magalhães começa a ser produzido

Composto por 20 toneladas de vidro puríssimo, o componente vai levar quatro anos para ser fabricado, polido e testado. E formará, com os demais espelhos, uma área coletora de luz de 368 metros quadrados. O megatelescópio deverá entrar em operação no fim desta década

23 de outubro de 2023

Fabricação do sétimo e último espelho (foto: GMTO Corporation/divulgação)

 

José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – A construção do Telescópio Gigante Magalhães (GMT, na sigla em inglês) entrou na reta final. O sétimo e último espelho primário, que deverá completar a superfície coletora de luz de 368 metros quadrados do GMT, começou a ser fabricado na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. No forno rotativo existente no laboratório estão sendo fundidas agora quase 20 toneladas de vidro óptico puríssimo. Aquecido a 1.165° C, o vidro é forçado para fora, formando uma superfície de 8,4 metros de diâmetro. Deverá esfriar durante os próximos três meses, antes de passar para a fase de polimento. O processo total de produção do sétimo espelho – incluindo fabricação, polimento e testes de performance óptica – se estenderá por quatro anos. E o início da operação do telescópio – a chamada “primeira luz” – está previsto para ocorrer no fim da presente década.

Uma vez montados sobre um suporte gigante, os sete espelhos comporão uma superfície parabólica de 25,4 metros de diâmetro e, graças a um sofisticado sistema de óptica adaptativa, funcionarão como um espelho único, com sensibilidade 200 vezes superior e resolução de imagem quatro vezes mais poderosa do que a dos telescópios espaciais mais avançados da atualidade.

“A combinação de poder de captação de luz, eficiência e resolução de imagem permitirá que façamos descobertas novas em todas as áreas da astronomia”, diz Rebecca Bernstein, cientista-chefe do projeto GMT. Entre os tópicos principais que deverão ser explorados pelo megatelescópio incluem-se a natureza da matéria escura, a formação dos elementos químicos e a prospecção de vida em exoplanetas.

O GMT é operado pela GMTO Corporation, um consórcio internacional formado por 13 instituições de pesquisa de seis países. A participação brasileira tornou-se possível graças a um aporte de US$ 50 milhões da FAPESP, que facultou aos cientistas do Estado de São Paulo a utilização de 4% do tempo de operação anual do telescópio.

“O início da construção do sétimo espelho é um marco importante para termos o telescópio operacional no fim da década. O GMT vai transformar nosso conhecimento do Universo, respondendo a perguntas de enorme impacto cultural, como, por exemplo, se existe vida nos incontáveis exoplanetas da nossa galáxia. Vai nos ajudar também a entender alguns dos mistérios da astronomia atual, como a origem das galáxias e sua coevolução com buracos negros gigantes em seus centros”, afirma Laerte Sodré Junior, professor titular do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e coordenador do Projeto GMT-FAPESP.

A equipe brasileira é composta por mais de quatro dezenas de pessoas, incluindo pesquisadores, consultores, técnicos e bolsistas, que participam do GMT Brazil Office (GMTBrO), o escritório GMT atualmente liderado pelo IAG-USP.

“Além de estar diretamente envolvido no design e na produção de instrumentos astronômicos que serão utilizados no telescópio, o escritório promove iniciativas educacionais e de divulgação visando atrair uma nova geração de jovens entusiastas para a astronomia, divulgar os investimentos da FAPESP na área e compartilhar conhecimento científico para a sociedade brasileira”, informa Claudia Mendes de Oliveira, professora titular do IAG-USP, que também coordena o Projeto GMT-FAPESP.
 

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