Governo divulga resultados da investigação das causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites, que matou 21 pessoas em 2003 (foto: divulgação)
Governo divulga resultados da investigação das causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites, que matou 21 pessoas em 2003. "O acidente teve início com o funcionamento intempestivo do propulsor A, muito provavelmente causado pelo acionamento também intempestivo de um dos detonadores", diz o documento
Governo divulga resultados da investigação das causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites, que matou 21 pessoas em 2003. "O acidente teve início com o funcionamento intempestivo do propulsor A, muito provavelmente causado pelo acionamento também intempestivo de um dos detonadores", diz o documento
Governo divulga resultados da investigação das causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites, que matou 21 pessoas em 2003 (foto: divulgação)
Dessa forma, remetendo ao inesperado, às surpresas em seqüência, concluíram os especialistas da comissão responsável por investigar as causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1 V03), em Alcântara (MA), no dia 22 de agosto de 2003. O acidente matou 21 técnicos e engenheiros do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), de São José dos Campos (SP).
Os resultados da investigação, contidos em um relatório de 130 páginas, foram apresentados nesta terça-feira (16/3), em Brasília, pelos ministros da Defesa, José Viegas, e da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Luiz Bevilacqua.
De acordo com o relatório, o acidente foi fruto de um processo que envolveu a falta de recursos continuados, a perda de pessoal especializado em vista de baixos salários, a fragilidade da infra-estrutura do Centro de Lançamento de Alcântara, entre uma série de outros fatores relacionados a questões operacionais, humanas, meteorológicas e materiais.
Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, as causas analisadas foram diversas, sendo que duas se destacaram como prováveis: descarga eletrostática no interior do detonador ou a ocorrência de corrente elétrica pela "linha de fogo" – fios que levam energia aos detonadores dos propulsores do primeiro estágio. O relatório afirma que não foi identificada nenhuma falha ativa, ou seja, provocada por erro ou violação acidental ou intencional, que possa ter originado o incêndio.
O relatório apresenta diversas recomendações, como a realização de uma "avaliação crítica das condições necessárias para a continuidade do Projeto VLS-1, especificando-se os recursos humanos e materiais para o bom andamento do projeto" e a "revisão crítica e adequação das redes elétricas do VLS-1, com particular atenção à proteção contra descargas eletrostáticas, sobrecorrentes e análise de circuitos ocultos".
O VLS-1 V03 foi desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço, do CTA. Tinha como missão colocar em órbita dois satélites, um fabricado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e outro pela Universidade Norte do Paraná. A explosão foi o mais grave acidente na história do Programa Espacial Brasileiro.
De acordo com Viegas, o trabalho de investigação "avaliou os fatores humano, operacional, meteorológico e material", cada um analisado por uma subcomissão específica. "Contribuíram nas investigações 38 profissionais, entre integrantes do corpo técnico, representantes da comunidade científica, representantes dos familiares das vítimas, colaboradores e especialistas russos", disse o ministro.
"O processo foi executado com seriedade e todas as possibilidades de avaliação foram esgotadas", disse o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do VLS, José Oliveira, que acompanhou a investigação.
Em relação ao futuro do Programa Espacial Brasileiro, o ministro da Defesa afirmou não ter dúvidas de que o momento é de "prosseguir no caminho da revitalização do programa, em condições de segurança e qualidade".
O próximo lançamento deverá ocorrer em 2006. Para cumprir o cronograma, os ministérios da Ciência e Tecnologia e da Defesa estão preparando um relatório com todos os recursos necessários para o desenvolvimento da missão, que deverá ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Relatório Final do Acidente do VLS-1 V03 está no site da AEB (www.agespacial.gov.br).
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