Governo divulga resultados da investigação das causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites, que matou 21 pessoas em 2003 (foto: divulgação)

Seqüência de surpresas
16 de março de 2004

Governo divulga resultados da investigação das causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites, que matou 21 pessoas em 2003. "O acidente teve início com o funcionamento intempestivo do propulsor A, muito provavelmente causado pelo acionamento também intempestivo de um dos detonadores", diz o documento

Seqüência de surpresas

Governo divulga resultados da investigação das causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites, que matou 21 pessoas em 2003. "O acidente teve início com o funcionamento intempestivo do propulsor A, muito provavelmente causado pelo acionamento também intempestivo de um dos detonadores", diz o documento

16 de março de 2004

Governo divulga resultados da investigação das causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites, que matou 21 pessoas em 2003 (foto: divulgação)

 

Agência FAPESP - "O acidente teve início com o funcionamento intempestivo do propulsor A do primeiro estágio, muito provavelmente causado pelo acionamento também intempestivo de um dos detonadores do conjunto de ignição do referido propulsor."

Dessa forma, remetendo ao inesperado, às surpresas em seqüência, concluíram os especialistas da comissão responsável por investigar as causas da explosão do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1 V03), em Alcântara (MA), no dia 22 de agosto de 2003. O acidente matou 21 técnicos e engenheiros do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), de São José dos Campos (SP).

Os resultados da investigação, contidos em um relatório de 130 páginas, foram apresentados nesta terça-feira (16/3), em Brasília, pelos ministros da Defesa, José Viegas, e da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Luiz Bevilacqua.

De acordo com o relatório, o acidente foi fruto de um processo que envolveu a falta de recursos continuados, a perda de pessoal especializado em vista de baixos salários, a fragilidade da infra-estrutura do Centro de Lançamento de Alcântara, entre uma série de outros fatores relacionados a questões operacionais, humanas, meteorológicas e materiais.

Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, as causas analisadas foram diversas, sendo que duas se destacaram como prováveis: descarga eletrostática no interior do detonador ou a ocorrência de corrente elétrica pela "linha de fogo" – fios que levam energia aos detonadores dos propulsores do primeiro estágio. O relatório afirma que não foi identificada nenhuma falha ativa, ou seja, provocada por erro ou violação acidental ou intencional, que possa ter originado o incêndio.

O relatório apresenta diversas recomendações, como a realização de uma "avaliação crítica das condições necessárias para a continuidade do Projeto VLS-1, especificando-se os recursos humanos e materiais para o bom andamento do projeto" e a "revisão crítica e adequação das redes elétricas do VLS-1, com particular atenção à proteção contra descargas eletrostáticas, sobrecorrentes e análise de circuitos ocultos".

O VLS-1 V03 foi desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço, do CTA. Tinha como missão colocar em órbita dois satélites, um fabricado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e outro pela Universidade Norte do Paraná. A explosão foi o mais grave acidente na história do Programa Espacial Brasileiro.

De acordo com Viegas, o trabalho de investigação "avaliou os fatores humano, operacional, meteorológico e material", cada um analisado por uma subcomissão específica. "Contribuíram nas investigações 38 profissionais, entre integrantes do corpo técnico, representantes da comunidade científica, representantes dos familiares das vítimas, colaboradores e especialistas russos", disse o ministro.

"O processo foi executado com seriedade e todas as possibilidades de avaliação foram esgotadas", disse o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do VLS, José Oliveira, que acompanhou a investigação.

Em relação ao futuro do Programa Espacial Brasileiro, o ministro da Defesa afirmou não ter dúvidas de que o momento é de "prosseguir no caminho da revitalização do programa, em condições de segurança e qualidade".

O próximo lançamento deverá ocorrer em 2006. Para cumprir o cronograma, os ministérios da Ciência e Tecnologia e da Defesa estão preparando um relatório com todos os recursos necessários para o desenvolvimento da missão, que deverá ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Relatório Final do Acidente do VLS-1 V03 está no site da AEB (www.agespacial.gov.br).


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