Pesquisa realizada no Inpa mostra diferença inédita, no campo genético, entre duas espécies de acará-disco. Uma delas é a Symphysodon aequifasciatus

Separados também pela genética
02 de fevereiro de 2006

Estudo do Inpa identifica diferença cromossômica inédita entre duas espécies de acará-disco. A descoberta é ferramenta importante para que um plano de manejo possa ser feito

Separados também pela genética

Estudo do Inpa identifica diferença cromossômica inédita entre duas espécies de acará-disco. A descoberta é ferramenta importante para que um plano de manejo possa ser feito

02 de fevereiro de 2006

Pesquisa realizada no Inpa mostra diferença inédita, no campo genético, entre duas espécies de acará-disco. Uma delas é a Symphysodon aequifasciatus

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Os rios amazônicos, verdadeiros aquários naturais, são uma fonte bastante rica de peixes ornamentais. Os acarás, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), estão entre as 15 espécies mais comercializadas do Brasil. O problema é que parte dos exemplares sai das águas amazônicas para várias partes do mundo de forma ilegal.

O conhecimento científico é uma das ferramentas fundamentais para que essa biodiversidade possa ser preservada e até explorada de forma sustentável. Nesse contexto, o estudo inédito desenvolvido pela pesquisadora Maria Claudia Gross, da Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior do Inpa, é importante para que futuros planos de manejo para os acarás (peixes normalmente coloridos com espinhos nas nadadeiras) possam ser feitos.

Com pesquisas feitas no campo da genética celular, a pesquisadora conseguiu, pela primeira vez, identificar as diferenças cromossômicas entre o Symphysodon aequifasciatus e o S. discus. No mercado dos peixes ornamentais, ambos são rotulados como acará-disco.

"As diferenças morfológicas já eram conhecidas. Agora, temos também informações genéticas", disse Maria Claudia à Agência FAPESP. O trabalho será apresentado em forma de dissertação na próxima sexta-feira (3/2), em Manaus.

"Observamos que o S. aequifasciatus possui tanto cromossomos grandes quanto muito pequenos, enquanto o S. discus mantém um mesmo padrão em relação ao tamanho", explica a cientista. A diferença mais marcante, segundo Maria Claudia, foi encontrada durante a etapa de divisão celular da meiose. "Identificamos a presença inusitada de uma ‘cadeia’ de cromossomos exclusivamente em S. aequifasciatus. Essa descoberta é inédita em peixes."

Até hoje, segundo a pesquisadora, cadeias como essa de cromossomos haviam sido observadas apenas em ornitorrincos, sapos e plantas. Novos estudos devem ser feitos, nos próximos anos, para a compreensão da formação e da função dessa cadeia agora identificada.

Os acarás, explica Maria Claudia, são espécies endêmicas da Amazônia. Com as informações citogenéticas disponíveis, ao lado das morfológicas, novas integrações serão necessárias para que os essenciais planos de manejo possam ser feitos. "É necessário um trabalho em conjunto com outras áreas, como a biologia molecular e a ecologia", defende.

Em termos geográficos, as duas espécies de acarás apresentam distribuições diferentes, com o S. aequifasciatus mais presente por toda a Amazônia do que o S. discus. Este é encontrado somente nos rios Negro e Abacaxis e ainda no baixo rio Trombetas.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.