Gênero Scytodes acaba de ganhar novas espécies
foto: divulgação
Estudos cladísticos feitos com recém-descoberta espécie de aranha coletada na Colômbia e descrita por brasileiros, e com outras três espécies, mostram que soerguimento andino separou essas populações
Estudos cladísticos feitos com recém-descoberta espécie de aranha coletada na Colômbia e descrita por brasileiros, e com outras três espécies, mostram que soerguimento andino separou essas populações
Gênero Scytodes acaba de ganhar novas espécies
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Agência FAPESP - Pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém, e do Instituto Butantan, em São Paulo, anunciaram esta semana a descoberta de nove espécies de aranhas. Os aracnídeos encontrados são dos gêneros Attacobius, Scytodes e Ericaella.
"Se existe a necessidade de a humanidade preservar a diversidade biológica do planeta, antes disso é preciso conhecer a composição dessa biodiversidade por meio da descrição de novas espécies", disse Alexandre Bonaldo, aracnólogo do Museu Goeldi responsável pela descoberta, à Agência FAPESP. A identificação das espécies contou também com a participação de Antonio Brescovit e Cristina Rheims, ambos pesquisadores do Instituto Butantan.
Os pesquisadores resolveram fazer estudos cladísticos dos três gêneros. Os resultados obtidos para o Ericaella mostram que o surgimento dos Andes dividiu as quatro espécies conhecidas para esse gênero até hoje. Duas ficaram em um lado e as outras duas do outro.
"As análises permitem reconstruir a história evolutiva dessas espécies para que sejam sugeridas hipóteses de relacionamento entre elas", explica Bonaldo. O pesquisador sugere que as espécies de Ericaella realmente compartilharam um único ancestral no passado.
"A explicação é que a espécie ancestral dessas aranhas tinha uma distribuição ampla antes do surgimento dos Andes. E as montanhas teriam separado a espécie em dois grupos monofiléticos. Cada conjunto, então, passou a viver de um lado da cordilheira", explica. O estudo aponta para a existência de duas linhagens, uma composta pelas espécies E. longipes e E. florenzi, que ocorrem no lado oeste dos Andes, e a outra formada por E. samiria e E.kaxinawa, que habitam o lado leste.
Dentre as novas espécies descritas pelos pesquisadores brasileiros, seis são do gênero Attacobius. Três delas, A. tucurui , A. uiriri e A. blakei, foram encontradas no Pará, enquanto as outras três foram identificadas nos estados do Tocantins e da Bahia. São elas: A. kitae, A. lamellatus e A. carranca.
Além disso, foram descobertas duas novas espécies de aranhas do gênero Scytodes no Pará: S. piyampisi e S. cotopitoka. A equipe coordenada por Bonaldo identificou ainda a quarta espécie descrita até hoje do gênero Ericaella, a E. florezi, que foi encontrada na Colômbia e usada nas análises filogenéticas. Esse grupo nunca havia sido encontrado em território colombiano antes.
As pesquisas que culminaram com as novas descrições foram financiadas pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O estudo com os dados do gênero Attacobius foi publicado na revista dinamarquesa Insect Systematics & Evolution. A descoberta das novas espécies do gênero Scytodes e Ericaella rendeu a publicação de dois artigos científicos na revista Zootaxa, da Nova Zelândia.
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