Logotipo do Simpósio Nº 222 da União Astronômica Internacional, realizado em Gramado

Sempre presentes
10 de março de 2004

Durante cinco dias, 230 especialistas em astronomia de diversos países estiveram reunidos em Gramado (RS), em simpósio da União Astronômica Internacional. A certeza científica de que todas as galáxias têm seus buracos negros aumentou entre os cientistas presentes

Sempre presentes

Durante cinco dias, 230 especialistas em astronomia de diversos países estiveram reunidos em Gramado (RS), em simpósio da União Astronômica Internacional. A certeza científica de que todas as galáxias têm seus buracos negros aumentou entre os cientistas presentes

10 de março de 2004

Logotipo do Simpósio Nº 222 da União Astronômica Internacional, realizado em Gramado

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - O lançamento do telescópio espacial Hubble, em 1990, mudou a história da astronomia mundial. A partir das imagens captadas desde então, os cientistas descobriram, por exemplo, que todas as galáxias têm o seu buraco negro. Mas, muitas vezes, esses não estão tão ativos como os que são observados com mais freqüência, que engolem violentamente a massa que orbita ao redor.

"Todos, bem no início, pensavam que existiam apenas os quasares", explica Thaisa Storchi Bergmann, professora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os quasares são objetos extragaláticos muito brilhantes e distantes, buracos negros de grande atividade que possuem massas de 1 milhão a 1 bilhão de vezes a do Sol.

Segundo a cientista gaúcha, nos últimos três ou quatro anos a tendência de se aceitar que existem buracos negros ativos e inativos em todas as galáxias aumentou. "Isso foi um dos assuntos mais discutidos no Simpósio Nº 222 da União Astronômica Internacional, realizado na semana passada, em Gramado (RS)", explica Thaisa, principal organizadora do evento.

A professora da UFRGS menciona particularmente a palestra de Reinhard Genzel, do departamento de Física Extraterrestre do Instituto Max Planck, da Alemanha, que considerou emblemática. Genzel mostrou imagens de "flares", captadas recentemente no espectro do infravermelho.

"Essas estruturas podem ser interpretadas como sendo a captura de nuvens de gás pelo buraco negro central", explica a cientista brasileira. Genzel, considerado um dos maiores especialistas no estudo do buraco negro da Via Láctea, também exibiu imagens que mostram o movimento de rotação de algumas estrelas, em altíssimas velocidades, no centro da galáxia.

Se o astronômo alemão não estivesse estudando a Via Láctea, não teria conseguindo encontrar os "flares", explica Thaisa. "O buraco negro da nossa galáxia é muito pouco ativo. Mas, como está bastante próximo, foi possível perceber que ele também engole matéria, apesar de sua pequena atividade", disse. Segundo ela, isso também deve ocorrer com várias outras galáxias que, por estarem distantes, dificultam a observação desses fenômenos.

Durante o simpósio, que reuniu 230 especialistas, entre os quais 150 de outros países, uma outra discussão tomou conta da pauta. Trata-se de um assunto que interessa diretamente a cientista gaúcha. "Há cerca de dez anos, consegui identificar um disco de acresção na galáxia NGC 1097", disse.

O disco é formado pela massa remanescente de uma estrela engolida por um buraco negro e que gira a 10 mil quilômetros por segundo. No congresso da semana passada em Gramado, as discussões científicas ratificaram ainda mais a tese que ela defende.

A explosão de raios-X em uma galáxia próxima, recentemente observada por Stefanie Komossa, também do Max Planck, é sinal de que o disco de acresção que Thaisa observou era parte do mesmo fenômeno, porém em uma fase posterior à explosão.

"Não estamos falando da mesma galáxia, mas os discos devem se formar em uma fase posterior à da explosão", disse a pesquisadora. O evento ocorre a cada dez mil anos em uma mesma galáxia.


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