Crânio de neandertal (com pontos demarcados em vermelho) é sobreposto sobre outro de homem moderno (pontos em verde)
(foto: NYU)

Sem parentesco
27 de janeiro de 2004

Novo estudo comprova que neandertais não são ancestrais do homem. Segundo a pesquisa, que pode ter resolvido uma das questões mais polêmicas da evolução, o Homo neanderthalensis tem tantas diferenças em relação ao Homo sapiens a ponto de constituir uma outra espécie

Sem parentesco

Novo estudo comprova que neandertais não são ancestrais do homem. Segundo a pesquisa, que pode ter resolvido uma das questões mais polêmicas da evolução, o Homo neanderthalensis tem tantas diferenças em relação ao Homo sapiens a ponto de constituir uma outra espécie

27 de janeiro de 2004

Crânio de neandertal (com pontos demarcados em vermelho) é sobreposto sobre outro de homem moderno (pontos em verde)
(foto: NYU)

 

Agência FAPESP - Uma das maiores polêmicas da evolução humana pode ter chegado ao fim. No mais rigoroso estudo já feito para determinar as relações entre neandertais e Homo sapiens, um grupo de cientistas norte-americanos concluiu que não há relação entre os dois. Ou seja, neandertais não são ancestrais do homem moderno.

Os pesquisadores utilizaram técnicas de análise de imagens por computador para examinar crânios do homem moderno, de neandertais e de 11 diferentes espécies de primatas. De acordo com o trabalho, liderado por Katerina Harvati, professora de antropologia da Universidade de Nova York, os neandertais diferem de tal forma do Homo sapiens a ponto de constituírem uma outra espécie.

A descoberta pode acabar com um debate que dura décadas, entre especialistas que defendem o modelo da continuidade da origem humana, segundo o qual o Homo neanderthalensis seria uma subespécie do Homo sapiens, e outros que vêem as duas como espécies distintas.

Os antropólogos da Universidade de Nova York empregaram uma técnica chamada morfometria geométrica para medir as variações entre uma amostra de 1 mil crânios de espécies que existem atualmente, como o homem, gorila, chimpanzé e babuíno. Foram definidos 15 pontos padrões em cada crânio e utilizadas técnicas de análises em 3-D para sobrepor cada ponto de modo a medir as diferenças.

Em seguida, amostras aleatórias foram escolhidas de cada espécie e suas diferenças calculadas dez mil vezes. A comparação foi feita posteriormente com fósseis de neandertais, com fósseis humanos do Paleolítico e de populações recentes, bem como com crânios de outros primatas pré-históricos.

"Nossa motivação foi estabelecer um método qualitativo para determinar que grau de diferença justificaria classificar os exemplares estudados como espécies diferentes", disse Katerina Harvati, em comunicado distribuído pela Universidade de Nova York. "A única maneira pela qual poderíamos fazer isso eficientemente era examinar a morfologia dos esqueletos de espécies vivas e produzir os modelos. Com esses dados em mãos, conseguimos determinar quantas variações geralmente existem entre as espécies atuais, bem como medir as diferenças entre duas espécies de primatas."

O estudo verificou que as diferenças entre o homem moderno e o neandertal são significativamente maiores do que as encontradas entre subespécies ou populações das outras espécies humanas analisadas. Os dados mostraram também que as diferenças entre neandertais e humanos modernos são tão grandes ou mesmo maiores do que as verificadas entre espécies próximas de primatas.

"Os dados encontrados constituem uma análise robusta de uma amostra ampla e significativa de primatas e fornecem a mais concreta evidência até o momento de que os neandertais são realmente uma espécie separada dentro do gênero Homo", concluiu Katerina.

O estudo foi financiado pela National Science Foundation, pelas fundações L. S. B. Leakey, Wenner-Gren e Onassis, pelo Museu Norte-Americano de História Natural, pelo Instituto Smithsoniano e pelo Consórcio de Nova York em Primatologia Evolucionária. Os resultados da pesquisa serão publicados nos Proceedings of the National Academy of Sciences.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.