Seleção solidária
18 de setembro de 2006

Obra escrita por pesquisadores da USP analisa experiências da gestão compartilhada dos resíduos sólidos em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Londrina

Seleção solidária

Obra escrita por pesquisadores da USP analisa experiências da gestão compartilhada dos resíduos sólidos em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Londrina

18 de setembro de 2006

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Em dezembro de 2004, a coleta seletiva de lixo na cidade de São Paulo atingia por volta de 3,3 milhões de pessoas, quase um terço da população da cidade, e 45% do território urbano. Os resultados obtidos naquele ano foram frutos de uma experiência iniciada em 2001 pelo poder público, devido a pressões sociais feitas pelo Fórum Lixo & Cidadania da Cidade de São Paulo. Depois disso, a prática não teve o mesmo apoio e os números não cresceram mais.

Assim como São Paulo, cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Londrina e algumas outras em Santa Catarina desenvolveram experiências relevantes tentando incentivar a correta gestão dos resíduos sólidos urbanos. Todas partiram do princípio de que o melhor, para atingir bons resultados, é tentar caminhos compartilhados.

"Catadores de rua começaram a ocupar um papel cada vez mais importante num sistema informal de reciclagem. A coleta seletiva e o gerenciamento dos resíduos domiciliares entraram no vácuo dos programas municipais oficiais. Esses, quando existem, são na maioria das vezes restritos e sujeitos à descontinuidade e à alternância de interesses dos grupos políticos no poder", disse Pedro Jacobi, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (Procam) da Universidade de São Paulo, à Agência FAPESP.

Jacobi, ao lado de sua aluna e pesquisadora Mariana Viveiros, lançou este ano, pela Annablume Editora, o livro Da vanguarda à apatia, com muitas suspeitas no meio do caminho – gestão de resíduos sólidos domiciliares em São Paulo entre 1989 e 2004.

"As experiências pioneiras tratadas no livro foram fundamentais no sentido de construir as bases de um modelo de gestão compartilhada da coleta seletiva de lixo. Elas demonstraram uma alta capacidade de replicabilidade", explicou Jacobi.

No caso paulistano, segundo os autores, o poder público, para colocar em prática a coleta seletiva solidária de lixo, construiu um arcabouço legal que permitiu a criação de convênios com as cooperativas de catadores. Dessa forma, esses grupos receberam a prioridade para atuar no recolhimento, triagem e posterior venda de material reciclável.

"Cada central serviria como um núcleo, no qual seriam triados, armazenados e beneficiados os materiais recicláveis recolhidos por grupos de catadores já existentes ou organizados nas respectivas regiões", disse Jacobi.

Apesar dos avanços e da replicabilidade das ações identificadas em alguns pontos do Brasil, Jacobi demonstra ceticismo sobre o futuro desses sistemas de gestão compartilhada de resíduos sólidos.

"A coleta seletiva solidária é ameaçada, no entanto, pela sua fraqueza institucional. O futuro da iniciativa depende do seu fortalecimento como política pública, ganhando solidez dentro da estrutura governamental e entre a população", disse.

Mais informações sobre o livro: clique aqui.


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