Estudo tenta entender o que torna certas músicas populares enquanto outras são pouco ouvidas. Pesquisadores montam site e analisam comportamento de mais de 14 mil usuários (foto: U2/divulgação)

Segredos do sucesso
10 de fevereiro de 2006

Estudo tenta entender o que torna certas músicas populares enquanto outras são pouco ouvidas. Pesquisadores montam site e analisam comportamento de mais de 14 mil usuários

Segredos do sucesso

Estudo tenta entender o que torna certas músicas populares enquanto outras são pouco ouvidas. Pesquisadores montam site e analisam comportamento de mais de 14 mil usuários

10 de fevereiro de 2006

Estudo tenta entender o que torna certas músicas populares enquanto outras são pouco ouvidas. Pesquisadores montam site e analisam comportamento de mais de 14 mil usuários (foto: U2/divulgação)

 

Agência FAPESP - Por quê algumas músicas são tão mais populares do que outras? Faça a pergunta a um adolescente e a resposta invariavelmente será "por que são melhores". Mas, se fosse assim tão simples, os sucessos não seriam tão difíceis de serem previstos, mesmo para os mais conhecidos produtores.

Para tentar entender os caminhos da popularidade, pesquisadores norte-americanos montaram um experimento bem original. O grupo, liderado por Matthew Salganik, da Universidade de Colúmbia, montou na internet um site no qual os visitantes podiam escutar e copiar músicas desconhecidas de artistas idem.

Ao entrar no site, os participantes eram aleatoriamente enviados a uma de duas versões diferentes. Na primeira, havia apenas os títulos das músicas e os nomes dos artistas como referência. Na segunda, os visitantes tinham mais informações, que mostravam quantas vezes cada música havia sido copiada e as notas dadas a cada uma – que variavam de uma estrela ("Odeio") a cinco estrelas ("Adoro").

Participaram do experimento 14.341 pessoas. Os pesquisadores verificaram que, no segundo grupo, com acesso aos números de download, as músicas mais copiadas se tornavam cada vez mais populares. Enquanto isso, as menos populares continuavam da mesma forma.

Mas os cientistas não conseguiram prever quais canções se tornariam mais populares. "De modo geral, as ‘melhores’ [em critério qualitativo] nunca foram mal, ao mesmo tempo em que as ‘piores’ não se saíram bem. Mas, praticamente qualquer outro resultado se mostrou possível", dizem os pesquisadores em artigo na revista Science, de 10 de fevereiro.

Os autores destacam que o experimento não contempla todas as variáveis de uma situação real no mercado fonográfico. "Acreditamos que a influência social no mundo real – em que fatores como marketing, posicionamento de produtos, crítica e atenção da mídia têm papéis importantes –, é muito mais forte do que em nosso experimento."

Em comentário sobre o estudo na mesma edição da Science, Peter Hedström, da Universidade de Oxford, elogia o trabalho de Salganik e colegas, não apenas pelos resultados encontrados, mas pela metodologia empregada.

"A sociologia experimental é geralmente conduzida nos ambientes tradicionais de laboratórios e seu foco está em processos de pequenos grupos", diz Hedström. "O novo estudo mostra como experimentos de larga escala com base na internet podem nos ajudar a entender os processos complexos que geram tais comportamentos."

O artigo Experimental Study of Inequality and Unpredictability in an Artificial Cultural Market, de Matthew Salganik, Peter Sheridan Dodds e Duncan Watts, pode ser lido no site da Science, em www.sciencemag.org


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