Penúltimo episódio da série jornalística Diário de Bordo mostra como a lama coletada durante a expedição científica Amaryllis ajuda a desvendar como foi o clima da Amazônia e do Nordeste brasileiro há centenas de milhares de anos (imagem: reprodução)
Penúltimo episódio da série jornalística Diário de Bordo mostra como a lama coletada durante a expedição científica Amaryllis ajuda a desvendar como foi o clima da Amazônia e do Nordeste brasileiro há centenas de milhares de anos
Penúltimo episódio da série jornalística Diário de Bordo mostra como a lama coletada durante a expedição científica Amaryllis ajuda a desvendar como foi o clima da Amazônia e do Nordeste brasileiro há centenas de milhares de anos
Penúltimo episódio da série jornalística Diário de Bordo mostra como a lama coletada durante a expedição científica Amaryllis ajuda a desvendar como foi o clima da Amazônia e do Nordeste brasileiro há centenas de milhares de anos (imagem: reprodução)
Elton Alisson* | Agência FAPESP – Na lama coletada durante a expedição científica Amaryllis são encontrados sedimentos vindos do continente, transportados pelos rios e pelos ventos, além de fósseis de microrganismos marinhos que viveram na água e foram se depositando, de modo contínuo e vagarosamente, no fundo do oceano.
Esses sedimentos formaram camadas bem definidas e horizontais, lidas pelos cientistas participantes da missão como as páginas de um diário da Terra. Isso porque elas contêm registros temporais de como foi o clima, o regime de chuvas, além da vegetação e como estava o nível do mar e a circulação do oceano Atlântico Equatorial em períodos quentes como o atual, ou mais frios, quando tinha mais gelo nos polos do planeta.
Por meio de diferentes técnicas analíticas, os pesquisadores pretendem interpretar essas camadas sedimentares com o objetivo de encontrar pistas que permitam reconstituir como foi o clima na Amazônia e no Nordeste brasileiro nas últimas centenas de milhares de anos. Isso é o que mostra o penúltimo episódio da série jornalística Diário de Bordo, publicado hoje (12/07) pela Agência FAPESP.
Entre as pistas presentes nas camadas sedimentares que permitirão reconstituir a temperatura dessas regiões estão os foraminíferos. Esses microrganismos marinhos, do tamanho de um grão de areia e com ciclo de vida curto, de apenas algumas semanas, vivem na coluna d’água em diferentes profundidades. Por meio da análise da composição química e isotópica do fóssil da concha calcária que eles produzem é possível determinar a temperatura e a salinidade da água no momento que viveram.
Outro elemento contido nos sedimentos é o pólen de plantas. Por meio da análise desse material, que chegou ao fundo do oceano carregado pelos rios e pelos ventos, é possível obter informações sobre, por exemplo, qual era a vegetação predominante em uma determinada época geológica. Ou, além disso, distinguir queimadas naturais das provocadas pela ação humana na Amazônia.
Os sedimentos marinhos também guardam outros tipos de informações do continente, que vieram pelos rios. Por meio de um novo método analítico desenvolvido pelo professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Vinícius Ribau Mendes no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP, é possível entender a partir deles como a chuva variou no continente ao longo do tempo.
Uma das vantagens de utilizar sedimentos marinhos em estudos paleoclimáticos, apontada pelos cientistas participantes da expedição, é que o material pode ser combinado com outros tipos de registros para fornecer dados mais precisos. Além disso, os sedimentos permitem obter informações que não podem ser captadas por outras fontes.
A série completa ficará disponível em: agencia.fapesp.br/diario-de-bordo.
* O repórter viajou a convite do Centro Nacional de Pesquisa (CNRS) da França.
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