Mapa genético da bactéria causadora da leptospirose foi feito por pesquisadores da rede Onsa e da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia

SciELO publica estudo brasileiro sobre leptospira
02 de abril de 2004

Mapa genético completo da bactéria causadora da leptospirose, feito por pesquisadores da rede Onsa e da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia, é destaque na revista Brazilian Journal of Medical and Biological Research

SciELO publica estudo brasileiro sobre leptospira

Mapa genético completo da bactéria causadora da leptospirose, feito por pesquisadores da rede Onsa e da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia, é destaque na revista Brazilian Journal of Medical and Biological Research

02 de abril de 2004

Mapa genético da bactéria causadora da leptospirose foi feito por pesquisadores da rede Onsa e da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia

 

Agência FAPESP - O seqüenciamento do genoma da bactéria Leptospira interrogans sorovar Copenhageni, realizado com apoio da FAPESP por pesquisadores da rede Organização para Seqüenciamento e Análise de Nucleotídeos (Onsa), mantida pela Fundação, e da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia, acaba de ser aprovado para publicação no Brazilian Journal of Medical and Biological Research (BJMBR). A íntegra do trabalho estará disponível gratuitamente, a partir do dia 6 de abril, a cientistas de todo o mundo a partir da biblioteca on-line SciELO, no endereço www.scielo.br/bjmbr/leptospira.

O projeto consumiu quase R$ 800 mil e resultou no trabalho científico e no mapa genético completo do organismo responsável pela forma severa da leptospirose, doença endêmica no Estado de São Paulo que atinge especialmente áreas urbanas brasileiras.

O artigo ganhou elogios de especialistas da Nature Genetics, revista do grupo britânico Nature, mas não foi publicado na edição pretendida porque o periódico já aprovara a publicação de um artigo de cientistas do Centro de Genoma Humano Chinês, de Xangai, com mapa genético completo da variante da bactéria que causa a leptospirose naquele país. O artigo chinês havia sido submetido quatro meses antes.

O estudo brasileiro, que abre a possibilidade de utilização de 23 proteínas na produção de uma vacina contra a leptospirose, ganha destaque ao ser publicado na BJMBR, uma das mais qualificadas revistas científicas brasileiras. No dia 6 também será realizado na sede da FAPESP, em São Paulo, às 11h, um evento para anunciar a publicação.

"Nosso seqüenciamento está mais completo em relação ao chinês, especialmente com relação ao sorovar Copenhageni, que é o predominante no Brasil", afirma Ana Lúcia Tabet Oller do Nascimento, do Instituto Butantan, coordenadora do projeto. Há cerca de 250 sorovares distintos da bactéria e sua identificação é fundamental para a criação de uma vacina. Na China, foi feito o seqüenciamento do sorovar Lai, típico de regiões alagadiças com plantações de arroz.

A publicação do artigo e do mapa genético da bactéria na revista brasileira BJMBR pode ser considerada uma vitória para a ciência nacional. A equipe de pesquisadores envolvidos no projeto precisou organizar outro estudo comparativo entre genomas das variedades Copenhageni e Lai para ser publicado no Journal of Bacteriology. Entretanto, muitas conclusões importantes do estudo original foram deixadas de lado neste estudo. "Com a publicação na BJMBR pudemos recuperar dados relevantes, como a descrição completa das proteínas que podem gerar a vacina", declara Ana Lúcia.

O BJMBR é uma revista publicada pela Associação Brasileira de Divulgação Científica indexada pelo Thomson ISI (Institute for Scientific Information). A ISI (www.isinet.com) mantém o principal banco de dados de publicações científicas internacional e estatísticas adotadas pela comunidade científica mundial. Além disso, o BJMBR é a terceira revista mais acessada na base de textos completos e gratuitos da SciELO (www.scielo.org). Com essa publicação, o trabalho de seqüenciamento da L.interrogans estará disponível em versão completa, gratuitamente acessível pela internet, ao contrário do estudo chinês.

Entre as informações divulgadas pelo projeto estão algumas quebras de paradigmas metabólicos da leptospira, conforme explica Ana Lúcia. A L.interrogans possui um controle metabólico eficiente a ponto de mantê-la viva em ambientes hostis (fora do hospedeiro, por exemplo) por alguns dias, o que é considerado um longo período para bactérias. "Mas a principal característica do projeto é que ele foi totalmente direcionado para um fim: a produção de vacinas. Os resultados convergem para a identificação das proteínas candidatas a isso", destaca Ana Lúcia.

A leptospirose

Hoje, a cepa Copenhageni é a principal responsável pela incidência da leptospirose no Brasil. Dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) mostram que de 1987 a 2001 foram notificados 46.180 casos da doença no País, com uma taxa de 6,5% a 20% de mortalidade. No Estado de São Paulo, de 1986 a 2000, houve cerca de 8 mil casos e 1.141 registros de morte.

Os sintomas mais comuns da leptospirose são febre, dor de cabeça, calafrios, vômitos, náuseas e mal-estar geral. Se não for combatida, a bactéria pode afetar os rins e fígado e, em casos extremos, levar à morte. No Brasil, a doença tem um caráter urbano. Nas cidades, as pessoas são contaminadas ao entrarem em contato com água de enchentes ou em áreas de lixo acumulado e esgoto a céu aberto. O principal agente de contaminação é a urina do rato de esgoto (Rattus norvegicus).

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