Pesquisa feita na Unesp analisa as condições cardíacas de profissionais do setor de saúde em Bauru (SP) (foto: divulgação)

Saúde pouco saudável
08 de março de 2005

Pesquisa feita na Unesp analisa as condições cardíacas de profissionais do setor de saúde em Bauru (SP). Dos 120 trabalhadores que participaram do estudo, 84% apresentaram risco elevado de desenvolver doenças

Saúde pouco saudável

Pesquisa feita na Unesp analisa as condições cardíacas de profissionais do setor de saúde em Bauru (SP). Dos 120 trabalhadores que participaram do estudo, 84% apresentaram risco elevado de desenvolver doenças

08 de março de 2005

Pesquisa feita na Unesp analisa as condições cardíacas de profissionais do setor de saúde em Bauru (SP) (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Pode parecer contraditório, mas uma pesquisa realizada na Universidade Estadual Paulista (Unesp) revelou que profissionais da Divisão Regional de Saúde 10, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo, em Bauru, não apresentam boas condições de saúde.

Pesquisadores da Faculdade de Ciências (FC) constataram um risco elevado para o desenvolvimento de doenças cardíacas entre enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos e assistentes sociais. Dos 120 funcionários que participaram do estudo, 84% apresentavam risco de ter algum problema no coração, segundo a pesquisa.

O questionário aplicado aos trabalhadores considerou a predisposição genética, o sedentarismo e o tabagismo dos entrevistados, além de ter sido realizada uma série de exames médicos, laboratoriais e físicos em todos os voluntários.

Os pesquisadores traçaram o histórico de saúde de cada profissional, com base em informações como a freqüência cardíaca e a pressão arterial, em diferentes situações de trabalho. Foram verificados ainda o peso, a altura, o índice de massa corporal, o perfil lipídico e o porcentual de gordura.

Os resultados apontaram 73% dos profissionais de saúde com índices de gordura corporal acima do recomendado, 63% como totalmente sedentários, 53% com capacidade cardiorrespiratória abaixo do normal, 52% como acima do peso, 47% como hipertensos, 45% com colesterol alto e 17% como tabagistas.

Para Henrique Luiz Monteiro, professor do Departamento de Educação Física da FC e um dos autores da pesquisa, a justificativa para a prevalência desses problemas é simples: a maioria dos profissionais estudados trabalha sob estado de estresse, devido à sobrecarga de trabalho.

"Por serem profissionais que trabalham com a saúde da população, a tendência é achar que eles estão sempre sob cuidados médicos. Mas isso nem sempre acontece, pois, além de executar trabalhos altamente estressantes, a maioria não tem plano de saúde e possui pouca informação sobre qualidade de vida", disse Monteiro à Agência FAPESP. O estudo também contou com a participação da professora Sandra Lia do Amaral.

Segundo os pesquisadores, os próprios funcionários não tinham noção de suas condições de saúde, o que os levou a procurar auxílio médico depois de saber dos resultados.

"Sem contar que a qualidade dos serviços prestados à população é comprometida. Um indivíduo obeso com risco coronariano elevado, por exemplo, tem muito mais chances de ter um infarto na hora de transportar pacientes em uma ambulância", aponta Monteiro.


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