Célia Szwarcwald, da Fiocruz, apresentou os dados do estudo em Olinda (foto: E.Geraque)
Um ampla análise do sistema de saúde nacional, que está sendo feita pela Fiocruz, revela informações importantes para os formuladores de políticas públicas. Nem todos os resultados são desanimadores, como mostrou a responsável pelo estudo Célia Szwarcwald
Um ampla análise do sistema de saúde nacional, que está sendo feita pela Fiocruz, revela informações importantes para os formuladores de políticas públicas. Nem todos os resultados são desanimadores, como mostrou a responsável pelo estudo Célia Szwarcwald
Célia Szwarcwald, da Fiocruz, apresentou os dados do estudo em Olinda (foto: E.Geraque)
Agência FAPESP - Desde 2002, o Brasil entrou no programa de pesquisa mundial de saúde coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, é a responsável pelo tratamento dos dados que estão sendo coletados em centenas de municípios brasileiros.
"O objetivo da OMS com esse programa é fazer a avaliação do desempenho dos sistemas de saúde nacionais", disse a responsável pelo estudo no país, Célia Szwarcwald, na apresentação dos dados obtidos até o momento no 6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que termina nesta quarta-feira (23/6), em Olinda (PE). "Em termos de metodologia de trabalho, o grupo responsável pela organização adaptou alguns pontos do questionário recomendado pela OMS para a realidade brasileira".
Mas qual é a realidade brasileira em termos de saúde? Parte desse quadro já pode ser exibido aos interessados, conforme fez a pesquisadora da Fiocruz, matemática com curso de doutorado em saúde pública. "Alguns dos resultados podem até ser considerados animadores", avisa Célia. Alguns dados positivos estão relacionados com os fatores de risco para a saúde da sociedade.
"O consumo declarado de tabaco entre os jovens está menor em relação aos grupos de adultos com mais idade", disse Célia. Enquanto 15% dos jovens admitiram fumar todos os dias, na população entre 35 anos e 49 anos a parcela é de 22,8%.
Os dados relacionados a outro risco de morte, o consumo de álcool, não se comportaram da mesma forma. A parcela da população de jovens que bebeu mais de cinco doses na semana anterior à pesquisa estava muito próximo a dos 16,1% detectados na faixa etária de 35 anos a 49 anos. Em relação à obesidade, outro dado revelador. A pesquisa mostrou que 24% da população brasileira é sedentária, ou seja, faz atividades físicas durante um período inferior a 150 minutos por semana.
Ao avaliar os problemas de saúde que mais afetam os brasileiros, dois dados merecem destaque, segundo Célia. Enquanto a depressão atingiu 19,3% da população analisada – e 14,3% afirmaram que estão tratando do problema – a angina surgiu em 6,7% da amostragem. Mas, quando indagados diretamente sobre a qualidade da saúde, os resultados mostraram que 27% das pessoas que tinham angina declararam ser portadoras de graves problemas de saúde. "A angina mostrou ter um grande impacto na população", contou Célia.
Se a análise preliminar da pesquisa revelou dados importantes para os órgãos de saúde do Brasil, um outro resultado pode dar uma dimensão ainda mais geral sobre o estado dos sistemas de saúde do Brasil. "Enquanto a avaliação do atendimento na saúde é até que regular, a satisfação da população com os serviços oferecidos a ela está muito baixo", disse a pesquisadora da Fiocruz.
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