Técnica desenvolvida na USP diminuiu de 320 para 40 o número de animais usados por ano nas aulas de graduação da medicina veterinária (foto: divulgação)

Sacrifício reduzido
02 de agosto de 2005

Solução desenvolvida por pesquisadores da USP permite a reutilização de cadáveres de cães por até oito vezes, diminuindo a necessidade de abater novos animais para estudos

Sacrifício reduzido

Solução desenvolvida por pesquisadores da USP permite a reutilização de cadáveres de cães por até oito vezes, diminuindo a necessidade de abater novos animais para estudos

02 de agosto de 2005

Técnica desenvolvida na USP diminuiu de 320 para 40 o número de animais usados por ano nas aulas de graduação da medicina veterinária (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma substância que permite reutilizar cadávares de cães em aulas práticas dos estudantes. Com a novidade, é possível utilizar um único animal morto por até oito vezes. Em termos práticos, isso equivale a um semestre letivo do curso de graduação em veterinária.

O método deriva de uma modificação da solução de Larssen, usada normalmente para embalsamar cadáveres humanos. Ao adicionar 400 mililitros de glicerina líquida e ao passar a usar água destilada na fórmula original, Antônio Augusto Ribeiro, professor da FMZV, percebeu que processos consecutivos de congelamento do animal morto, depois de ele ser usado em temperatura ambiente nas aulas, não alteravam as características principais daquele modelo biológico.

Ao ser aplicada no sistema vascular dos cadáveres, a solução preservou tecidos e músculos dos animais, mantendo a mesma textura, cor e flexibilidade de quando estavam vivos. Desse modo, o treinamento de nós e suturas, reconstrução da pele, traqueostomia, cirurgias da orelha e de esterilização de machos e fêmeas pôde ser feito sem problemas.

Com a inovação, a quantidade de cães poupados no Hospital Veterinário (Hovet) da faculdade foi muito grande. "Com essa mudança na metodologia de ensino, adotada desde o ano 2000 na FMVZ, passamos de uma média de 320 animais utilizados por ano para apenas 40", disse Júlia Maria Matera, professora de Técnica Cirúrgica, à Agência FAPESP. "Esperamos que outras universidades brasileiras comecem a adotar essa mesma conduta."

Júlia conta que nos Estados Unidos, das 31 faculdades de medicina veterinária existentes, 27 não utilizam mais mamíferos vivos, o que diminui bastante o sofrimento. "No Brasil, a grande maioria ainda não adotou essa mesma prática. Isso é eticamente imperdoável. O ideal é que os alunos utilizem cadáveres nos primeiros procedimentos, para só depois fazer cirurgias reais", defende.

Mesmo entre os alunos é alta a aceitação de métodos alternativos de treinamento cirúrgico. Segundo dissertação de mestrado apresentada na FMVZ por Rosane Maria da Silva, 93% dos 190 estudantes da disciplina de Técnica Cirúrgica são favoráveis ao uso de cadáveres em sala de aula.


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