Para George Kenyon, da Universidade de Michigan, os novos paradigmas da química medicinal exigem domínio de novas tecnologias e desenvoltura para adquirir patentes (Foto: F.Castro)
Novos paradigmas da química medicinal incluem colaboração entre diferentes áreas de estudo, domínio de novas tecnologias e desenvoltura para adquirir patentes, segundo presidente da União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular
Novos paradigmas da química medicinal incluem colaboração entre diferentes áreas de estudo, domínio de novas tecnologias e desenvoltura para adquirir patentes, segundo presidente da União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular
Para George Kenyon, da Universidade de Michigan, os novos paradigmas da química medicinal exigem domínio de novas tecnologias e desenvoltura para adquirir patentes (Foto: F.Castro)
Agência FAPESP - Um novo paradigma de química medicinal está sendo criado nos últimos 25 anos, segundo George Kenyon, presidente da União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular. Ele implica a colaboração de especialistas de áreas diferentes no domínio de novas tecnologias e na desenvoltura para adquirir patentes.
Para o professor da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, o químico dedicado a esse segmento não pode mais se limitar a criar novos compostos e disponibilizá-los para testes, seja na academia ou nas indústrias.
"Não se trabalha mais nesse grau de isolamento. É preciso colaborar. Hoje estamos muito mais envolvidos em todos os tipos de estudos", disse Kenyon à Agência FAPESP, durante o 3º Simpósio de Química Medicinal, realizado na semana passada em São Pedro (SP).
A química medicinal, na definição de Kenyon, corresponde à descoberta, isolamento e síntese de compostos químicos com potencial terapêutico e outros valores farmacológicos. "Esses compostos podem vir de fontes naturais – tipicamente plantas ou fungos – ou puramente sintéticas", explicou.
Para ele, apesar de a química medicinal ser um setor promissor, os jovens que começam a trabalhar no setor precisam saber que não basta aprender a síntese de moléculas. "É preciso saber purificar, redesenhar receptores, fazer ensaios clínicos, verificar se a droga está causando as inibições projetadas ou não, planejar informações estruturais e adquirir crescente formação em biologia molecular", afirmou.
É preciso patentear
Uma série de ferramentas e tecnologias faz parte da realidade atual da química medicinal, segundo Kenyon. Ao lado da síntese química, é preciso conhecer procedimentos de isolamento e purificação e dominar métodos analíticos como espectroscopia, espectrometria de massa e cristalografia de raios X.
A química computacional ganha importância, assim como a química combinatória. "É preciso lidar com modelagem molecular, desenvolvimento de fármacos, identificação e caracterização de alvos farmacológicos. Lidamos também com tecnologias de DNA recombinante, incluindo a clonagem de proteínas, microbiologia, microarrays, ensaios com culturas celulares e muitas outras tecnologias", disse o professor da Universidade de Michigan.
Segundo ele, além de todo o conhecimento necessário, o químico precisa aprender ainda uma habilidade absolutamente indispensável: como obter patentes. "Esse ponto é muito importante. Se você não puder obter uma patente para sua nova molécula, nenhuma indústria famacêutica vai se interessar. Não vão nem olhar, porque eles precisam dessa proteção", disse.
Para o presidente da União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular, altos valores relacionados à produção de fármacos – desde o desenvolvimento até testes clínicos – impedem que um trabalho não patenteado seja considerado pela indústria. "Pode-se gastar US$ 500 milhões em uma pesquisa dessas. É caro demais para se fazer sem ter direitos exclusivos. Se um acadêmico desenvolve um novo composto químico e simplesmente publica, sua descoberta não vai mais a lugar algum. Não se consegue a inovação", afirmou.
Kenyon considera que a quebra de patentes não é um bom negócio para a pesquisa científica a longo prazo, pois ela apenas desencorajaria os cientistas a produzir conhecimento novo.
"O melhor é negociar com a empresa e propor um acordo quando há questões humanitárias envolvidas. Pode-se conseguir uma licença barata ou a doação de fármacos em troca de melhorar a imagem da empresa. Simplesmente quebrar a patente é muito perigoso, porque mata o incentivo para a inovação", disse.
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