Apresentado de forma lúdica, método científico pode ser comprendido e aplicado por estudantes em trabalhos escolares. É o que defende o livro Metodologia científica ao alcance de todos, de Celicina Borges Azevedo
Apresentado de forma lúdica, método científico pode ser comprendido e aplicado por estudantes em trabalhos escolares. É o que defende o livro Metodologia científica ao alcance de todos, de Celicina Borges Azevedo
A autora, professora da área de piscicultura da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), em Mossoró (RN), é responsável pela disciplina de metodologia no mestrado de fitotecnia e ciência animal.
O livro corresponde à fase final de um projeto, realizado com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), cujo objetivo foi estimular o desenvolvimento do espírito científico nos alunos de escolas públicas por meio da capacitação de seus professores na utilização do método científico.
Segundo Celicina, o livro começou a ser concebido na década de 1990, durante seu doutorado em fitotecnia na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Ao observar as feiras de ciências produzidas por crianças em idade escolar, a pesquisadora notou que os experimentos eram realizados com uso do método científico.
"Antes de chegar lá, eu achava que os países desenvolvidos produziam muita ciência porque tinham muito dinheiro. Depois daquela experiência, comecei a achar que eles produzem tanto porque começam muito cedo. Aqui, o estudante só tem contato com o método científico na universidade", disse Celicina à Agência FAPESP.
A partir da experiência norte-americana, ela passou a conceber um livro que pudesse apresentar a metodologia científica de forma lúdica, a fim de estimular a curiosidade e o interesse das crianças, contribuindo para elevar a qualidade das feiras de ciências no Brasil.
"As feiras que eu acompanhava por aqui se caracterizavam pela pirotecnia, ou pela pesquisa simples na internet, mas não usavam a metodologia científica de investigação. Eu queria mostrar, no entanto, que é possível aplicar o método em trabalhos escolares", apontou.
Tempestade de idéias
A pesquisadora conta que, por meio do boletim da Agência FAPESP, do qual é leitora assídua, tomou conhecimento de um edital da Finep com chamada pública para a melhora do ensino de ciências nas escolas públicas – o projeto Ciência para Todos – e viu aí a oportunidade de concretizar a idéia.
"Apresentei um projeto em três etapas. A primeira foi a capacitação de professores da rede pública. A segunda foi a realização de uma feira de ciências, nas 29 escolas da diretoria regional de educação, propondo o desafio de utilizar o método científico em todos os trabalhos apresentados. A terceira etapa consistiu no livro", explicou.
Na feira de ciências, as 29 escolas apresentaram 78 projetos usando a metodologia científica. "Meus alunos do curso de metodologia científica formaram grupos que se responsabilizaram por cada escola, trabalhando com estudantes e professores para desenvolver os projetos", disse.
Os próprios alunos escolhiam cinco representantes que, junto com professores e pós-graduandos, faziam uma "tempestade de idéias" e concebiam questões, formulavam hipóteses e desenhavam experimentos. "Eles foram estimulados a apresentar as questões que lhes despertavam curiosidade: por que aparecem mais muriçocas quando chove, por que as nuvens se formam da água salgada do mar mas a água da chuva é doce, e assim por diante", contou.
Uma das escolas, no município de Areia Branca, foi selecionada para representar o Rio Grande do Norte na Feira Nacional de Ciência (Fenaceb), realizada em novembro de 2006 em Belo Horizonte (MG).
"A última etapa do projeto foi o livro. Procuramos realizá-lo de maneira que a linguagem e a forma de apresentação fossem bastante atrativas, para que o aluno não tivesse preguiça de ler. A concepção gráfica e as ilustrações, do publicitário Gabriel Novaes, também ajudaram muito nisso", disse.
Segundo Celicina, ainda neste mês a obra será distribuída nas escolas da região. "A idéia é que possamos orientar os professores para o uso do livro na sala de aula. Pretendemos que os projetos de ciência continuem a ser realizados", disse.
A autora espera, agora, que o livro tenha uma publicação de maior abrangência. "Estamos em busca de uma editora que possa nos ajudar a fazer essa divulgação com mais amplitude, alcançando mais escolas. A possibilidade de uma reedição depende disso", disse a pesquisadora, que também preside a Fundação Guimarães Duque, que apóia a Ufersa.
Mais informações: fgd@fgduque.org.br
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