Resultados contrastantes
17 de junho de 2004

Ao tentar mediar processos de desenvolvimento indígena na Amazônia, antropólogos dos Projetos Demonstrativos para Povos Indígenas assistiram vitórias e derrotas. O aprendizado gerado entre todos os envolvidos será usado para a correção de problemas no futuro

Resultados contrastantes

Ao tentar mediar processos de desenvolvimento indígena na Amazônia, antropólogos dos Projetos Demonstrativos para Povos Indígenas assistiram vitórias e derrotas. O aprendizado gerado entre todos os envolvidos será usado para a correção de problemas no futuro

17 de junho de 2004

 

Por Eduardo Geraque, de Olinda

Agência FAPESP - Duas mediações entre brancos e índios em lugares diferentes da Amazônia. Em ambas, o objetivo dos antropólogos envolvidos era garantir a preservação da cultura indígena e da floresta. Enquanto um projeto colheu resultados altamente positivos o outro está parado devido a impasses surgidos ao longo do caminho.

Os índios wajãpi, da região centro-oeste do Amapá, viveram praticamente sem contato com os brancos até a década de 1970. Naquela época, chegaram à região garimpeiros e caçadores de pele. A realidade da comunidade indígena, que hoje conta com 650 pessoas no Brasil e 800 na Guiana Francesa, mudou de forma radical.

"Eles sempre viveram em grupos pequenos, que ficavam espalhados pela região. Com a perda do território, o grupo passou a se concentrar em algumas aldeias centrais, que tinham o apoio da Funai na época", disse Cássio Noronha, antropólogo que trabalha nos Projetos Demonstrativos para Povos Indígenas (PDPI), à Agência FAPESP.

Com o passar do tempo – e principalmente com a demarcação da reserva entre 1994 e 1996 – a situação mudou para melhor. "A demarcação foi importante para que os jovens nascidos nas aldeias centrais conhecessem melhor o ambiente. A situação hoje está bem mais tranquila", disse Noronha, que apresentou as experiências amazônicas na Reunião Brasileira de Antropologia, em Olinda (PE), que terminou na terça-feira (15/6).

Se ao norte os resultados foram os esperados, no sul do Pará, próximo a Marabá, a situação continua indefinida. Uma tribo do grupo Caiapó, que havia fechado um acordo com a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) na década de 1990, intermediado, entre outros, pelo Instituto Socioambiental (ISA), não está contente com os resultados obtidos.

Como antes a extração ilegal de mogno dava uma renda muito maior para os índios, que agora estão recebendo recursos da própria CVRD, o descontentamento cresceu. O impasse aumentou principalmente após o rompimento entre os caiapós e o ISA. "As negociações para a retomada do acordo estão sendo feitas. Sem dúvida algumas coisas precisam ser repensadas, mas o acordo, sobre o ponto de vista de aprendizado, foi excelente", disse Noronha.


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